À semelhança de Atenas 2004, a comitiva portuguesa de equitação leva apenas um atleta para os Jogos Paraolímpicos deste ano. Desde a primeira participação portuguesa nos jogos, em 1972, é apenas a segunda vez que Portugal se vê representado na modalidade, não tendo, até ao momento, conquistado qualquer medalha.

A praticar equitação desde os 7 anos, Sara Duarte vai representar pela primeira vez Portugal nos Jogos Paraolímpicos. Desde 1999, altura em que começou a competir, a atleta ganhou o ouro no Campeonato Internacional de Madrid e subiu ao pódio em quatro campeonatos nacionais.

A cavaleira é portadora de paralisia cerebral com 72% de incapacidade física e começou a praticar equitação por aconselhamento médico (hipoterapia). Sara Duarte considera que a nível nacional a competição é praticamente inexistente, o que já não acontece internacionalmente. “Neste momento, sou a única atleta portuguesa a competir em Paradressage, mas a nível internacional há muita competitividade” disse, por e-mail, ao JPN.

A três meses de competir nos mais importantes jogos internacionais, Sara Duarte confessou que espera ficar entre os sete primeiros lugares. “Os atletas dos outros países são muito bons, competem há muitos anos e vivem para a competição, mas vou fazer todos possíveis para que Portugal fique bem classificado” acrescentou.

“Manter viva a equitação”

João Cardiga, treinador de Sara desde 1999, é mais contido nas expectativas para os Paraolímpicos. “Conhecendo um pouco a realidade dos nossos concorrentes, será um enorme êxito conseguir que a Sara fique entre os 10 primeiros” revelou.

João Cardiga considera importante a presença de atletas portugueses nos campeonatos nacionais e internacionais não só pelas medalhas, mas também porque “a participação constitui uma forma de manter viva a equitação em Portugal”.

“Perante o futebol qualquer desporto fica anulado”

Tal como outros desportos em Portugal, a equitação adaptada tem um número reduzido de participantes. João Cardiga considera que este é um desporto que exige muito de todos os intervenientes, o que pode ser um factor negativo. “Necessita ser encarado com seriedade, de muito trabalho, persistência e divulgação, quer por parte dos praticantes, quer dos treinadores e dirigentes dos centros hípicos e dos media“, disse.

“Perante o futebol qualquer desporto fica anulado”, lamenta. Contudo, o treinador de Sara Duarte, que lembra que a equitação “é um desporto relativamente recente”, acredita que “com o tempo ganhará o seu espaço”.

A equitação adaptada tem condições para crescer e evoluir, argumenta. “Muitos dos actuais praticantes de hipoterapia e equitação têm potencial para se tornar cavaleiros de competição, mas temos que os deixar crescer”.