As empresas de transporte de mercadorias vão manter os protestos, depois de mais uma reunião inconclusiva entre o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, e a Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que decorreu durante a tarde de segunda-feira.

Segundo números avançados pela Lusa, perto de 90 mil camiões, o total da frota nacional, terão parado, num sinal de protesto contra os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis.

Jorge Lemos, membro da comissão de transportadores que decidiu a paralisação que conta com a oposição da ANTRAM, revelou ao JPN que, apesar da falta de coordenação entre as empresas do sector, que se organizaram apenas a nível local, a dimensão do protesto correspondeu às expectativas e que a paralisação “neste momento” será mantida.

Os protestos, que tiveram início às 00h00, originaram alguns incidentes de Norte a Sul do país. No Porto, a Brigada de Trânsito da Guarda Nacional Republicana registou piquetes nos acessos ao Porto de Leixões e no terminal TIR do Freixieiro, o que provocou alguns problemas na circulação, particularmente ao fim da manhã. De acordo com a RTP-N, está a decorrer um bloqueio dos transportes pesados no IP4, entre Vila Real e o Porto, desde as 18h.

No final da reunião com a ANTRAM, Mário Lino afirmou que está a ser discutido um “pacote de medidas” e que será feito tudo o que estiver ao alcance do Governo “para minimizar o impacto do aumento dos preços dos combustíveis no sector”. Questionado sobre os protestos dos camionistas, o ministro referiu que “as paralisações nacionais não mudam a natureza dos problemas”.

Quarta e quinta-feira terão lugar novas reuniões, pelo que António Mousinho, presidente da ANTRAM, que não aprova as paralisações, espera que haja um acordo com o Governo até ao final da semana.

Bombas podem “secar”

Augusto Cymbron, presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustível (ANAREC) afirmou ao JPN que a paralisação das empresas de transporte de mercadorias poderá “secar” as bombas de combustível, ao impossibilitar o normal abastecimento.

O presidente da ANAREC acusa o Governo de “irresponsabilidade” e considera que os protestos poderão levar mesmo “à paralisação do país”, mostrando-se receoso com o possível bloqueio de cidades como o Porto ou Lisboa. Para Augusto Cymbron, é necessário “baixar drasticamente o ISP” (Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos).

Sócrates apela ao diálogo

De acordo com a agência Lusa, o primeiro-ministro, José Sócrates declarou, no final da II Cimeira Luso-Argelina, que o Governo “compreende as dificuldades” originadas pelos sucessivos aumentos dos combustíveis e apelou ao diálogo com a ANTRAM.

Num sinal de resposta à possível inconstitucionalidade de situações de lock-out que poderão ocorrer em algumas transportadoras, o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, informou num comunicado, este domingo, que “o Governo tomará todas as medidas que se imponham como necessárias à preservação dos direitos fundamentais dos trabalhadores e dos cidadãos em geral, e não pactuará com atitudes que sejam contrárias à Constituição, à lei ou aos fundamentos do Estado de Direito”.