Portugal vai estar representado em ciclismo nos Jogos Paraolímpicos pela quarta vez. Em 1984, os quatro ciclistas portugueses arrecadaram as duas únicas medalhas ganhas até agora na modalidade. Só em 2000, depois de 16 anos de interregno, Portugal voltou a ter um ciclista a competir nos Paraolímpicos.

Augusto Pereira, o único ciclista português em competição, vai participar nos jogos pela terceira vez consecutiva. Em Sidney, no ano 2000, esteve perto do pódio ao alcançar o 5º lugar. Mas quatro anos depois, em Atenas, não foi além do 9º.

Com paralisia cerebral desde nascença, associada a dificuldades de aprendizagem, Augusto Pereira vai participar nas provas de estrada (distância variáveis entre 50/60 km) e de contra-relógio (distancias entre os 5 e os 20 km).

Num total de quatro divisões, o atleta classifica-se na divisão 3 do ciclismo adaptado à paralisia cerebral. Razão pela qual compete numa bicicleta normal, sem qualquer tipo de adaptações.

Desde pequeno que nutre especial atracção pelo ciclismo, o que o levou a praticar a modalidade. Augusto Pereira começou a competir em 1995, pelas mãos de Henrique Santos. A primeira competição internacional realizou-se três anos depois, no Campeonato do Mundo.

“Chegar às medalhas é difícil, mas não impossível”

A participação em Pequim pode ser a última presença de Augusto Pereira nos Jogos Paraolímpicos, de acordo com Henrique Santos. O treinador pretende que o atleta “tenha uma melhor prestação” do que há quatro anos.

Na altura, Augusto Pereira tinha “grandes expectativas de chegar às medalhas, mas em termos tácticos a participação correu um pouco mal”, contou Henrique Santos ao JPN. Para este ano, “chegar às medalhas é difícil, mas não impossível” referiu.

Ciclismo adaptado com poucos atletas

Augusto Pereira é o único atleta com paralisia cerebral a praticar ciclismo adaptado, em Portugal. Mesmo os atletas com deficiência motora e invisuais são em número igualmente reduzido.

Questionado sobre a possibilidades de, daqui a quatro anos, não haver nenhum atleta a representar Portugal em ciclismo adaptado, Henrique Santos foi assertivo. “Acredito mesmo que isso vai acontecer”, disse.

Contudo, o treinador acrescentou que nem todos os atletas podem chegar ao nível dos Paraolímpicos. Ao contrário de Portugal, nos outros países a competitividade é bastante grande. “Há um conjunto de atletas muito bons e só os melhores do Mundo vão aos Jogos”, disse.

A três meses do início dos Jogos Paraolímpicos de Pequim já estão definidos os atletas portugueses em vela, ciclismo e equitação, num total de quatro. Natação, boccia e atletismo, as três modalidades que levam mais participantes, estão ainda dependentes dos últimos campeonatos nacionais ou internacionais.

Apesar das expectativas iniciais, Portugal não vai levar nenhum atleta em remo. A apresentação oficial da comitiva portuguesa está marcada para 30 de Junho.