A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) está a desenvolver um veleiro autónomo não tripulado, para participar na Microtransat, uma competição internacional de embarcações não tripuladas, que irá realizar uma regata de travessia do Oceano Atlântico. A partida será em Viana do Castelo, em Outubro, e o destino as Caraíbas.

A Microtransat é a primeira tentativa de atravessar o Oceano Atlântico com veleiros não tripulados. Coube à FEUP a organização local do evento, que conta com o apoio do Iate Clube de Viana. Até Outubro vão ser realizadas provas de preparação, afinações e demonstrações das embarcações participantes.

O FAST (FEUP Autonomous Sailboat), desenvolvido pela faculdade, é inspirado no desenho típico dos veleiros actuais de competição oceânica e tem 2,5 metros de comprimento. Foi feito sobretudo com materiais compósitos, fibra de vidro e de carbono, os mesmos de que são feitos os barcos de competição.

A sua construção, que começou no início de 2007, aconteceu parcialmente na FEUP, por alunos e docentes do departamento de Engenharia Electrónica e de Computadores, em colaboração com a empresa de kayaks de competição Élio-Kayaks, de Crestuma, no concelho de Vila Nova de Gaia.

José Carlos Alves, responsável pelo projecto e docente da FEUP, explica ao JPN que a empresa construtora de kayaks “deu uma grande ajuda a construir o casco do barco, mas depois o resto da construção, nomeadamente os interiores e a parte electrónica, foi toda feita na FEUP”.

Apesar de a equipa ter começado com um grupo inicial de dois docentes e sete alunos, neste momento continuam apenas os docentes e um aluno. “Com a entrada dos exames e trabalhos os alunos começam a não ter tempo para isto”, refere José Carlos Alves.

Nove equipas

Para esta travessia estão inscritas nove equipas da Europa, Estados Unidos da América e Canadá, com o objectivo de cruzar o meridiano 60ºW, num intervalo de latitude que inclui as Caraíbas. Não é permitida qualquer ajuda externa, por isso o barco da equipa da FEUP tem diversos equipamentos para que a embarcação possa navegar autonomamente.

A energia eléctrica é assegurada por um painel solar e armazenada em baterias e a comunicação com o veleiro, quando este estiver em alto mar, será conseguida por via satélite, para saber a sua posição actual e dados de navegação necessários.

“O barco tem todo o equipamento que necessita para saber onde se encontra: um GPS, sensores de indicação da direcção e velocidade do vento, uma bússola electrónica e outros sensores para determinar se tem água no interior, saber a inclinação do barco, e, por fim, tem um mini-computador que vai gerir toda essa informação e transmitir comandos adequados ao leme e às velas”, descreve José Carlos Alves.

Uma equipa da FEUP esteve presente no primeiro campeonato mundial de veleiros autónomos, que teve lugar no lago Neusiedlersee, na Áustria, prova que funcionou como primeiro ensaio para a Microtransat.