“Manoel de Oliveira é como o Vasco da Gama da cinematografia mundial”. O presidente da Academia do Humanismo da Macedónia e embaixador macedónio em Paris, Jordan Plevnes, não poupou nos elogios ao mais velho realizador do mundo ainda no activo, esta quinta-feira, na entrega do Prémio Mundial do Humanismo.

“Dostoievski, Fernando Pessoa, Nietzsche, vão todos consigo nesse barco”, declarou Plevnes, que confessou “admiração eterna” pelo “génio do cinema mundial”.

Oliveira recebeu o prémio das mãos do presidente da Academia do Humanismo da Macedónia
O galardão homenageia personalidades empenhadas na defesa do humanismo e da paz. Em 2007 distinguiu o educador e filósofo budista japonês Daisaku Ikeda. Com pouca gente nas ruas do Porto (a selecção nacional jogava à mesma hora), a cerimónia, em Serralves, foi discreta, sobretudo em comparação com a recepção que Oliveira teve em Skopje, capital da Macedónia, onde no início do ano foi distinguido com o prémio. “Foi uma passagem inesquecível. Saí do hotel para receber o prémio e vi imensa gente”, disse Oliveira.

“O que é que lhe falta fazer?”

Aos jornalistas, antes da cerimónia, o realizador, que comemora no próximo mês de Dezembro 100 anos de vida, destacou a importância do galardão (“simpático, porque é sobre algo que toca profundamente aos humanos”), um dos muitos que tem vindo a receber. “A vaidade faz parte do ser humano e não é crime”, referiu.

“O que é que lhe falta fazer?”, perguntaram-lhe. “O resto dos meus filmes, que são bastantes. Preciso é de meios para isso. Um pintor pode deixar de comer umas vezes e já tem dinheiro para comprar as telas. Já um realizador sem dinheiro morre cedo. Os filmes custam muito dinheiro. Os meus, em relação aos que os outros fazem, são baratíssimos”, respondeu.

Exposição em Serralves

De 11 de Julho a 2 de Novembro, Serralves acolherá a primeira mostra do trabalho de Manoel de Oliveira no formato expositivo, com filmes, imagens, documentos de trabalho e “muitos materiais inéditos existentes no arquivo da família” do realizador, disse João Fernandes, director do museu. Paralelamente, está programado um ciclo de cinema, no auditório do museu, com todos os filmes de Oliveira.