As escolas do ensino básico devem promover o arejamento das salas de aula de modo a evitar a acumulação de dióxido de carbono e de partículas nocivas para a respiração dos alunos que as frequentam, segundo um estudo apresentado esta sexta-feira e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSRJ), em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e com várias câmaras do Norte do país, incluindo a do Porto e a de Matosinhos.

O vereador da Educação da Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, presente na apresentação do estudo “Qualidade ambiental nos estabelecimentos de ensino de 1º Ciclo e alterações no estado de saúde das crianças”, afirmou que os resultados “servem para introduzir boas práticas nos processos de requalificação da comunidade escolar” que têm vindo a ser desenvolvidos pela autarquia nos últimos meses, como no sector das cantinas.

Vladimiro Feliz afirmou que este ano já foi posto em marcha um investimento de 200 mil euros para aplicar coberturas em escolas da cidade para impedir infiltrações e consequente acumulação de humidade dentro das salas.

O INSRJ analisou e comparou amostras de escolas básicas de seis concelhos do Norte do país, desde Porto, a Vila do Conde, passando por Matosinhos, Murça, Vila Real e Mondim de Basto.

INSRJ faz recomendações

Sílvia Rodrigues, do INSRJ, expôs as recomendações do estudo, ao dizer que deve haver uma redução do número de alunos por sala de aula e que deve ser incentivado o arejamento dos espaços internos através da abertura de janelas e portas, especialmente durante os intervalos.

A especialista afirmou, também, que são de evitar os produtos de limpeza com odor e que deve ser promovido o uso do aspirador, em detrimento de vassouras. Por último, recomendou que sejam efectuadas inspecções regulares aos edifícios escolares para avaliar as suas condições.

Os técnicos do INSRJ concluiram que os níveis de dióxido de carbono nas salas excedem, nalguns casos, os valores admitidos – em algumas salas numa proporção três vezes superior.

Sensibilizar a comunidade escolar

Salientando a importância da qualidade do ar e dos níveis do ruído no crescimento saudável das crianças, os responsáveis pelo estudo consideram que os resultados apresentados não diferem das médias europeias e americanas, tidas como referência.

A coordenadora do trabalho, Olga Mayan, afirmou que o objectivo da análise passou por sensibilizar a comunidade escolar para a problemática da qualidade do ar interior, uma vez que a escola é o local de permanência das crianças. “Nas sociedades modernas as pessoas as pessoas passam entre 80 e 90% do seu tempo no interior de edifícios”, referiu.