No coração da cidade do Porto resistem edifícios civis, igrejas e espaços públicos que através de quadros, estátuas ou tapeçarias, revivem as origens do S. João no Porto. São representações de S. João Baptista, o santo que, apesar de não ser o padroeiro da cidade, é festejado esta terça-feira.

“É o padroeiro popular da cidade do Porto”, explica Graça Lacerda, organizadora do circuito são-joanino promovido pela Casa do Infante/Arquivo Distrital do Porto. Apesar de a padroeira do Porto ser a Nª Srª da Vandoma (depois de S. Vincente e de S. Pantaleão), a cidade rendeu-se ao S. João Baptista: são inúmeros os edifícios que encerram em si vestígios e explicam a história da festa popular na cidade.

Com o objectivo de dar a conhecer as origens do festejo, a Casa do Infante e o Arquivo Distrital do Porto organizaram, pelo segundo ano consecutivo, esta segunda-feira, um circuito são-joanino.

Feriado nasceu com referendo

Só em 1911 o S. João foi decretado feriado municipal, depois de um referendo popular, iniciativa do “Jornal de Notícias”.

“Deve-se aproveitar estas oportunidades que também preservam o património cultural”, afirma Maria de Lurdes Paulo, participante assídua nos percursos históricos promovidos pela Câmara Municipal do Porto, que destaca a possibilidade de visitar edifícios com uma explicação histórica que nem sempre está acessível ao público. “É uma forma de encontrar a cidade”, concorda Manuela Inácio, outra das participantes do grupo de cerca de 40 pessoas.

Estudantes ajudaram a fazer a cascata

Todos os anos, a cascata em frente à Câmara do Porto anuncia aos mais distraídos a chegada do S. João. Este ano, a estrutura contou com a colaboração de estudantes de Belas-Artes, que prepararam um percurso labiríntico recheado de elementos são-joaninos. No centro, um poço dos desejos recebe o dinheiro dos mais esperançosos, que reverte para a Fundação Porto Social.

A água é o elemento imprescindível das cascatas são-joaninas, não só por causa da origem pagã da festa popular, mas também pelo sacramento religioso do baptismo. Também a gastronomia e a música estão retratadas na cascata deste ano.

Dos Paços do Concelho à Praça da Ribeira

No interior do edifício dos Paços do Concelho, o S. João também não foi esquecido. Uma tapeçaria da autoria de Guilherme Camarinha evoca e “honra” as festas da cidade, salienta Graça Lacerda. O carácter espontâneo dos festejos são-joaninos teve origem nas rusgas na sua origem mais tradicional, sem fatos a rigor, em que grupos de pessoas atravessavam bairros para festejar.

Na Santa Casa da Misericórdia do Porto, um quadro de António Carneiro, pintor de Amarante formado em Belas-Artes do Porto, evoca a espiritualidade de S. João Baptista. Uma das representações mais contestadas de S. João é a estátua de João Cutileiro, em plena Praça da Ribeira. “Está num nicho que esteve muito tempo vazio e talvez por isso seja um pouco contestado”, salienta Graça Lacerda.

O circuito são-joanino completou-se com a visualização de documentos sobre as origens do S. João na Casa do Infante, uma digressão à Capela de S. João Baptista na Igreja de S. Francisco e uma visita à Cascata de S. João do centro do dia da Rua da Reboleira.