O candidato do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, em inglês), Morgan Tsvangirai, decidiu, este domingo, retirar-se das segunda volta das eleições presidenciais do Zimbabué, que iria decorrer na próxima sexta-feira, dia 27. Tsvangirai venceu a primeira volta, mas, segundo os resultados oficiais, não obteve margem suficiente para evitar um segundo voto.

Tsvangirai apresentou como razões para retirar a sua candidatura a crescente violência que o governo do presidente Robert Mugabe tem aplicado sobre os apoiantes da oposição e a falta de credibilidade do voto. “Não podemos pedir às pessoas para votar no dia 27 de Junho, quando esse voto poderá custar-lhes as suas vidas. Não participaremos mais nesta farsa violenta”, afirmou o líder do MDC, citado pela AP.

Apesar de a decisão de Tsvangirai, na prática, dar a vitória a Mugabe, as eleições vão ter lugar na mesma, segundo informou o ministro da Informação do Zimbabué. O presidente da Zâmbia, Levy Mwanawasa, actualmente à frente da Comunidade Sul Africana para o Desenvolvimento (SADC, em inglês) disse, citado pela BBC, que as eleições devem ser adiadas para “evitar uma catástrofe na região”.

Eleições nestas condições serão “uma paródia da democracia”

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon afirmou, em comunicado, que “a campanha de violência e intimidação que marcou estas eleições prejudicou a população do Zimbabué e deve terminar imediatamente”.

A União Europeia, por seu lado, através do Alto Representante para a Política Externa e Segurança Comum Javier Solana, considerou “compreensível” a decisão de Tsanvigrai, devido à “campanha inaceitável de violência, obstrucção e intimidação liderada pelas autoridades do Zimbabué”. “Nestas condições, as eleições transformaram-se numa paródia da democracia e não são dignas do continente africano da actualidade”, explicou Solana, em comunicado.

A pressão está agora sobre a SADC e, particularmente, sobre o presidente sul africano Thabo Mbeki, que desempenha as funções de mediador regional para a crise no Zimbabué e que tem sido fortemente criticado por não fazer o suficiente para convencer Mugabe a abandonar o cargo que ocupa há 28 anos.