A região do Porto vai contar com um centro regional de excelência em educação para a sustentabilidade, no âmbito do Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto (AMP) que foi apresentado esta quarta-feira na Lipor.

Ainda sem contornos definidos, o centro assenta num dos principais eixos do plano estratégico (também denominado Futuro Sustentável) e já foi aceite pelos autarcas que integram a Junta Metropolitana do Porto, segundo o responsável técnico pelo projecto, Pedro Macedo, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.

876 quilómetros de ciclovia

O Futuro Sustentável tem quatro prioridades, identificadas na sequência do contacto com as populações: água (a poluição dos rios e ribeiros), a educação para a sustentabilidade, a mobilidade e a qualidade do ar e o ordenamento do território.

Segundo Pedro Macedo, a maior preocupação para as populações são os incêndios, sendo por isso necessário apostar na criação dos chamados corredores ecológicos e de paisagens protegidas (como as serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, da Freita e da Arada), à semelhança do que acontece em Lisboa e no resto do país.

Outras propostas do plano de acção

– Corredores ecológicos
– Criação de centros de ruralidade
– Valorização dos ecoclubes
– Criação de grupo de trabalho contra incêndios
– Mais árvores nas zonas urbanas
– Requalificação de rios e ribeiras

Pedro Macedo realçou, também, que as pessoas contactadas “queriam mais facilidade para andar a pé e de bicicleta” na região. Há o objectivo de tornar a bicicleta o centro da mobilidade na região, diz Pedro Macedo, acrescentando que foram projectados 876 quilómetros de ciclovia para a AMP e 336 parques de estacionamento para bicicletas.

Aposta no envolvimento do cidadão

A ideia do Futuro Sustentável surgiu a partir da Lipor, em 2003, contando com o apoio dos nove municípios que formavam, então, a AMP (hoje são 14, em breve serão 16). Com o objectivo de integrar os cidadãos no processo de sustentabilidade da região, foram envolvidos na estruturação do projecto cerca de 5.500 pessoas e perto de 300 entidades.

“Foi sempre um projecto centrado no cidadão. Acreditamos que quem vive os problemas pode lutar melhor pelas soluções”, disse o presidente do Conselho de Administração da Lipor, Macedo Vieira. “Não é uma tarefa para amanhã, mas um trabalho para as gerações futuras”.

O Futuro Sustentável tem como objectivo implementar mudanças a nível de actuação das autarquias até 2013. “Os resultados obtidos devem ser incorporados e robustecer o processo de definição de prioridades para o Quadro de Referência Estratégica Nacional”, recomenda o plano de acção do projecto [resumo em PDF].

“Todos os municípios da AMP devem fazer parte da Lipor”, diz Guilherme Pinto

O vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto, Guilherme Pinto, procurou salientar a importância da Lipor na eliminação de resíduos na região e afirmou não compreender a ausência de um apoio do Estado que tenha em vista a integração de municípios na margem Sul do Douro no serviço de gestão de resíduos da Lipor.

“Todos os municípios da AMP devem fazer parte da Lipor”, afirmou o também presidente da Câmara de Matosinhos, considerando que o alargamento do número de membros podia baixar o preço da gestão de resíduos entre 10 a 20%.

“O problema de Gaia é que apenas tem um aterro e vai ter de ser confrontada com preços modernos” quando este se esgotar, afirmou o autarca, referindo-se à diferença de preços que existe entre colocar o lixo num aterro e tratá-lo num serviço como a Lipor. “O aterro é mais barato, mas não é aconselhável por Bruxelas”.