Um conjunto de sete estudos da Universidade do Minho (UM) demonstrou que a violência física e psicológica nas relações amorosas dos jovens de hoje é um tema preocupante e que merece atenção. As agressões atingem o mesmo nível que nos adultos, sendo preocupante o facto de começar em idades cada vez mais precoces.

Um dos estudos procurou perceber se existia violência nos namoros dos jovens e perceber que tipo de violência acontecia. Foram inquiridos 4.730 jovens dos 15 aos 25 anos, 58% dos quais do sexo feminino e 42% do sexo masculino.

Carla Machado, investigadora da UM e coordenadora do projecto que integra os sete estudos, classifica a situação como “grave”. “É difícil saber porque é que este tipo de violência acontece nos namoros”, refere.

Segundo o estudo, 25% dos inquiridos afirmou já ter sido vítima de violência no namoro pelo menos uma vez. 20% admite ter sofrido violência emocional (insultos, ameaças, jogo psicológico e coerção) e 14% agressões físicas. 30% dos jovens admitiram já ter agredido o parceiro: 23% agressão física, 18% emocional e 3% agressões físicas severas.

“Há uma tendência para desculpar e tolerar estas agressões, justificando que foi só uma vez”, referiu Carla Machado. A banalização destes actos acontece, segundo a investigadora, porque muitos consideram que “os ciúmes são uma prova de amor”, e, quando tal acontece, muitos acreditam que foi “um acto único” e que não terá repercussões.

Este estudo, único a nível nacional, integra-se num conjunto de sete investigações. Embora não haja dados comparativos em relação aos anos anteriores, Carla Machado afirma que os valores registados em Portugal não diferem muito dos restantes países da Europa ou dos Estados Unidos.

Violência sexual é menosprezada

Um dos estudos conclui que os rapazes são os que agridem com mais gravidade, mas no que toca à pequena violência não há distinção de sexos. Para Carla Machado, o mais preocupante é a violência sexual não ser considerada grave pelos inquiridos: alguns consideram mesmo que “a violência sexual não existe no namoro”. Alguns referem ainda que “relações sexuais forçadas” não são violações, “nem sequer crime”.

Para este estudo sobre violência sexual foram questionados 432 alunos com relações ocasionais, dos quais 12% admitem ter praticado violência sexual.