Próxima paragem: Bairro do Aleixo. A equipa de rua “Aqui & Agora”, dos Serviços de Assistência das Organizações de Maria (SAOM) prepara-se para oferecer apoio a mais um grupo de toxicodependentes. É mais uma das muitas paragens que todos os dias cumprem na zona ocidental do Porto.

Ao som dos pregões dos “capeadores” – os homens que encaminham os toxicodependentes para os pontos de venda de droga – os SAOM trocam seringas e oferecem preservativos, alimentos e até cuidados de enfermagem. Embora os apoios sejam dirigidos à população dependente de drogas, a carrinha da equipa de rua também é procurada por prostitutas e prostitutos, ou até por quem deseja apenas usufruir de um pequeno lanche, muitas vezes a primeira refeição do dia.

Neste dia, a equipa é constituída pela psicóloga Sandra Penêda, a enfermeira Virgínia Silva e a assistente social Joana Vilares. Segundo Sandra Penêda, “a grande maioria” dos toxicodependentes acompanhados pela equipa de rua dos SAOM estiveram no programa Porto Feliz. Para Joana Vilares, numa vida de perdas e rupturas constantes a que os toxicodependentes se habituam, o Porto Feliz “foi mais uma perda, um abandono”.

Apoio no fim da vida

Os SAOM são uma instituição particular de solidariedade social que apoia população em risco de exclusão. Segundo Maria José Penêda, directora técnica dos SAOM, a problemática da toxicodependência é abordada “há pelo menos nove anos”, altura em que veio trabalhar para a instituição.

Actualmente, o auxílio aos toxicodependentes, para além da equipa de rua, passa pelo acolhimento num centro de dia, cursos de formação e o acompanhamento até ao mercado de trabalho. Virgínia Silva lembra que também encaminham utentes para os serviços de saúde. Os SAOM mantêm uma “relação directa, referencial” até na prisão ou quando a morte se aproxima, explica Maria José Penêda.

A directora técnica dos SAOM diz que a associação não foi contactada pelo Porto Feliz, mas o inverso aconteceu. Os SAOM foram ao encontro da Fundação Porto Social e são agora parceiros no âmbito do programa PROGRIDE medida 2, que permite, entre outros, a formação profissional nas áreas de ajudante de cozinha e de empregado de mesa.

“Eu conheci indivíduos do Porto Feliz em que houve algum crescimento e outros em que não”, diz Maria José Penêda, numa avaliação do projecto. A directora técnica dos SAOM considera que há uma procura crescente do tratamento da toxicodependência. Para a responsável, que encara as parcerias como uma “mais-valia”, os resultados obtidos no acompanhamento dos toxicodependentes “superam as expectativas”.