Causas para a má qualidade da água

– Avarias do sistema de esgotos
– As descargas de águas residuais
– Ventos fortes do quadrante oeste que podem empurrar a mancha de poluição do mar mais alto para as praias.

A empresa municipal Águas do Porto (AdP) quer desenvolver, com a colaboração da Universidade do Porto (UP), um “sistema inovador de informação e alerta em tempo real para os utilizadores das praias”, de modo a que estes conheçam o estado da qualidade da água quando se deslocam à zona balnear.

Segundo o presidente da Comissão de Estruturação da AdP, Poças Martins, o objectivo é “ter nas praias do Porto um sistema de vermelho, amarelo e verde” que informe os cidadãos. “Temos na UP condições para nos ajudar a melhorar, no sentido de ter respostas que não temos agora”, afirmou Poças Martins esta sexta-feira na conferência de imprensa de balanço das primeiras sete semanas da época balnear. O responsável da AdP explicou, também, que, a concretizar-se, este projecto será inovador a “nível mundial” e poderá vir a ser exportado.

Homem do Leme pode perder Bandeira Azul

De acordo com as análises feitas até aqui nas quatro praias do Porto é possível concluir que a qualidade da água “está geralmente dentro ou muito próximo do nível da Bandeira Azul“, um padrão extremamente rigoroso. Apenas a praia do Homem do Leme hasteou Bandeira Azul este ano (a primeira de sempre para o Porto), mas as quatro praias da cidade são oficialmente zonas balneares.

Contudo, três das praias (Homem do Leme, Gondarém/Molhe e Foz) já apresentaram amostras de qualidade “Aceitável” (em oposição ao nível “Bom”) em duas ocasiões durante estas primeiras sete semanas, o que significa que, para poderem ser candidatas a Bandeira Azul em 2009 só podem receber esta classificação mais uma vez até 14 de Setembro. “Uma praia com Bandeira Azul tem parâmetros 20 vezes superiores ao normal”.

“O Porto tem uma nota muito elevada, mas não é possível garantir que vamos candidatar uma ou duas ou três praias. Também não é possível garantir que tendo-a [à Bandeira Azul], não a possamos perder”, reconhece Poças Martins. A praia do Castelo do Queijo é, segundo os resultados apresentados esta sexta-feira, a que possui pior qualidade de água e está, desde já, de fora de uma possível candidatura a Bandeira Azul para o próximo ano.

“O nosso objectivo é ter praias excelentes no Porto sempre, independentemente de ventos, correntes e marés. Ainda não estamos lá”, admite o responsável da AdP, com a ressalva de que este é “um processo que demora seis a sete anos”, tendo como base o projecto que liderou em Gaia durante o início da década e que culminou este ano com a totalidade das 18 praias do concelho a hastearem a Bandeira Azul.

Protocolo com professores da UP almeja conhecer melhor os problemas do Porto

Esta sexta-feira foi também assinado um protocolo entre a AdP e cinco professores da Universidade do Porto (da Faculdade de Engenharia, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e da Faculdade de Ciências), com o objectivo de “identificar os investimentos que faltam fazer” e de “criar condições de informação nas praias urbanas para que, se houver situações de poluição inesperada, elas sejam detectadas”.

O acordo vai durar, pelo menos, até 2009 e vai permitir o uso de tecnologias como a recolha de imagens de satélite e de fotografias aéreas para analisar os locais onde a água é diferente da água do mar original, explicou Poças Martins.

“Este protocolo pretende ser a semente de futuros projectos de investigação de maior escala que permitirão conhecer cada vez melhor o complexo sistema de que depende a qualidade da água nas praias do Porto”, indica o documento que foi distribuído na conferência de imprensa.