A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) vai lançar um concurso temático para apoiar a criação de um pólo de competitividade (também chamado cluster) para as indústrias criativas na região. O anúncio foi feito pelo presidente da estrutura, Carlos Lage, esta quarta-feira na Fundação de Serralves, na apresentação do estudo (em PDF) sobre o desenvolvimento de um pólo desse género.

Segundo Lage, ainda não há quantias previstas para o concurso, mas sabe-se que este vai ser levado a cabo com fundos do plano regional. “Há dinheiro nos programas temáticos nacionais, que também são destinados à região Norte, e há dinheiro no programa regional. Nós vamos reservar uma verba do programa regional para apoiar as indústrias criativas”, afirmou Carlos Lage aos jornalistas.

“Não vamos fazer políticas públicas de apoios escondidos ou de subsídios à actividade cultural”, explicou, referindo que, à semelhança de outras áreas de actuação, os candidatos ao concurso vão ter de cumprir com uma série de critérios, objectivos e metas. “Vai acontecer tudo depois disto. Vão acontecer coisas boas, coisas positivas”.

“É possível que o Norte venha a ser a região criativa de Portugal”

Segundo Carlos Martins, que apresentou o plano de acção do documento, “é possível que o Norte venha a ser a região criativa de Portugal”. O responsável explicou aquilo que muitos dos agentes culturais do Porto lhe relataram quando questionados para o estudo. “É fundamental que tenhamos um adequado modelo de governação”, disse, sublinhando que “é fundamental que haja liderança neste projecto”. De acordo com Carlos Martins, neste momento não há nenhuma entidade que consiga ligar os múltiplos projectos culturais que existem na região.

Proposta de criação de uma agência para agregar indústrias culturais

Por esse motivo, os redactores do estudo propuseram a criação de uma agência, “que seja constituída por parceiros públicos e privados e que tenha como objectivo o apoio aos novos projectos criativos”. Nesse sentido, a agência funcionaria como “agregador” das indústrias culturais na região, a trabalhar numa lógica de projectos, de modo a dar resultados transparentes que pudessem ser acompanhados ao longo do seu desenvolvimento.

Por seu lado, Carlos Lage considera que, apesar da ideia de agência se ter “banalizado”, “se ela se aplica bem, se ela é perfeita para alguma coisa é para o apoio à criatividade”.

O estudo apresentado esta quarta-feira constata que “o território está dotado de infra-estruturas de suporte à actividade criativa, mas com diversas tipologias distribuídas de forma desequilibrada”. “Na sua esmagadora maioria, são espaços mono-temáticos e específicos, e são raros os espaços de encontro e convergência, espaços de construção de relacionamentos, de criação e troca de ideias criativas”, indica o documento.

O documento “Desenvolvimento de um cluster de indústrias criativas na região Norte” foi realizado por um consórcio composto pelas empresas Comedia, Horwath Parsus Portugal, Opium, Gestluz e Tom Fleming Creative Consultancy. A ideia partiu da Fundação de Serralves, em parceria com a Junta Metropolitana do Porto, a Casa da Música e a Porto Vivo SRU.