No último ano e meio já se registaram quatro acidentes na Linha do Tua. Para além de constituir uma forte atracção turística, aquela que é considerada por alguns uma das mais belas linhas férreas de montanha da Europa, serve diariamente os habitantes da zona. Caso venha a ser encerrada, terá de ser encontrado um sistema de transportes alternativo, disse, sexta-feira, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino.

Dos quatro acidentes, o mais grave deu-se a 12 de Fevereiro do ano passado, quando uma composição comercial, que se deslocava da Foz do Tua para Mirandela, caiu ao rio, empurrada por um deslizamento de terras. Três dos cinco tripulantes morreram. A linha ficou encerrada durante quase um ano, tendo sido reaberta apenas em Janeiro de 2008.

A 10 de Abril deste ano, um novo desabamento de terras entre as estações de Santa Luzia e do Tua deixou feridos, de forma ligeira, três trabalhadores da Refer que inspeccionavam o traçado. Nessa altura, o governador civil de Bragança, Jorge Gomes, confessou, ao “Diário de Notícias”, que começava a ficar preocupado com o futuro da linha, em parte por já haver um projecto para a zona – a barragem da foz do Tua. “Já se viu que, quando chove mais, há sempre perigos deste género”, disse.

Em Junho houve um novo descarrilamento, provocado por uma derrocada. O comboio caiu para o lado oposto ao do rio Tua. A comissão de inquérito nomeada pelo Instituo Nacional do Transporte Ferroviário recomendou à Refer, empresa responsável pela gestão da rede ferroviária portuguesa, que instalasse sistemas de detecção de aluimentos que possam ser perigosos para os comboios que circulam na linha do Tua.

Segundo o “Público”, depois deste acidente, a Refer chegou a ponderar encerrar a linha de forma definitiva. O ministro das Obras Públicas diz esperar pelas conclusões da investigação deste acidente, pois considera o primeiro relatório pouco conclusivo.

Depois do acidente desta sexta-feira, que fez uma vítima mortal, passam a ser quatro os registados no último ano e meio. Mesmo assim, a CP insiste na ideia de que a linha do Tua é segura. No entanto, admite a possibilidade de encerramento, caso as investigações venham a concluir que não há condições de segurança suficientes para que continue em funcionamento.

Para além dos acidentes, existe também a questão da barragem da foz do Tua, que poderá deixar submersos os últimos quilómetros da linha. Dos cinco autarcas envolvidos apenas o de Mirandela, José Silvano, se opõe a esta construção, inserida no Plano Nacional de Barragens, apresentado em Outubro do ano passado e que prevê a construção de 10 novas barragens até 2020.

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, disse, no mês passado, citada pelo “Jornal de Notícias”, que, se a linha encerrasse, seria por causa da barragem que se pretende construir na foz do Tua e não por questões de rentabilidade ou falta de segurança.