Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) estudou a forma como as células respondem à ausência da TOPOII, proteína que facilita a divisão celular e que, por isso, vários tratamentos contra o cancro procuram impedir de funcionar.

Em diversos tipos de cancros, a inexistência desta proteína leva as células à autodestruição (impedindo a sua divisão e, dessa forma, o alastramento do cancro), mas noutros, concluiu a equipa, as células sobrevivem.

A investigação, destaque na edição de Agosto da prestigiada revista “PLoS Biology“, abre, por isso, caminho ao estudo de como, em alguns tipos de cancro, as células conseguem sobreviver sem a TOPOII, a fim de se encontrarem terapias mais eficazes do que a mera inibição desta proteína.

Trata-se de um “trabalho de biologia fundamental”, esclarece ao JPN Cláudio Sunkel, co-autor do estudo, em conjunto com Paula Almeida Coelho. Por isso, não tem aplicações imediatas no combate ao cancro, mas permite compreender melhor os mecanismos por trás de alguns tratamentos do cancro – e começar a procurar novas formas de combate para os casos em que impedir a TOPOII de funcionar não chega.

Esta proteína “já tem sido muito estudada e tem sido um alvo interessante de terapias”, refere Sunkel. Há inibidores “muito eficazes em certas situações oncológicas”. Já se sabia que a TOPOII facilita a divisão das células; o que não havia era um conhecimento profundo do efeito dos inibidores desta proteína a nível celular.

A equipa do IBMC descobriu que em alguns tipos de cancros as células “morrem muito mais facilmente” quando não têm a TOPOII. Noutros tipos de cancro, porém, as células sobrevivem sem a proteína, tornando ineficazes os tratamentos baseados na inibição da mesma. Sunkel espera que a partir destas conclusões possam desenvolvidos fármacos mais eficazes.