O ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa acredita que o partido tem condições para disputar a vitória nas eleições legislativas de 2009 e disse, esta segunda-feira, no Porto, que o “silêncio” com que Manuela Ferreira Leite tem conduzido a liderança social-democrata “tem mais vantagens que inconvenientes”.

Marcelo aponta o discurso de dia 7 na Universidade de Verão do PSD e a discussão do Orçamento de Estado, “domínio que Manuela Ferreira Leite domina muito bem”, como tiros de partida para um discurso próprio do partido.

Enumerou três inconvenientes do “silêncio” de Ferreira Leite, que, frisou, é “de longe a melhor colocada” para liderar o PSD: abriu a porta a vice-presidentes, que “falaram de vez em quando”, ao “ruído” da oposição interna e criou a “sensação que o PSD não aproveitou grandes problemas para intervir, como a segurança”. Mas houve várias vantagens, argumentou, como “a preservação da líder”, a “não banalização” da mensagem e a conquista de tempo para “preparar a equipa e o programa”.

Depois de ter dito ao “Diário Económico” que a líder do PSD “se quiser ganhar, tem que fazer mais um bocadinho e expor-se mais um bocadinho, progressivamente”, o comentador político vem agora afirmar que “vai mais que a tempo” de o fazer. “Estamos a mais de um ano de eleições”, lembrou. E a situação económica nacional e internacional e o actual clima de maior insegurança entre os portugueses indicam que terminou uma “onda que era muito favorável a Sócrates”, acrescentou, à margem da abertura da Escola de Verão de Física da Universidade Júnior, uma iniciativa da Universidade do Porto.

“O que é preciso para mobilizar, unir e ultrapassar as resistências internas é fixar metas ambiciosas e pôr a máquina a andar”, referiu. “O PSD tem que concorrer [às legislativas] para ganhar, nem que para isso tenha que apelar à maioria absoluta, se Sócrates o fizer – não pode ficar atrás em termos de ambição”.

O antigo líder do PSD espera que temas não consensuais entre os social-democratas, como a regionalização, sejam resolvidos o mais cedo possível, sob pena de poderem “dividir o partido” e enfraquecê-lo na hora de lutar pelo poder.