Perante uma plateia de 114 “futuros génios da Física”, na qual se incluiam alguns dos melhores alunos de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e da Galiza, Marcelo Rebelo de Sousa apelou, segunda-feira, na abertura da Escola de Verão de Física da Universidade do Porto (UP), à participação dos jovens na vida política. A situação de Portugal “só muda se mudarem os que lá estão [no poder]. E só muda se forem empurrados”. É que “o poder tem cola”, sublinhou.
Desvendar mistérios da ciência
Na Escola de Ciências da Vida e da Saúde, durante cinco dias 170 alunos do 11.º ano vão desenvolver pequenos projectos de investigação que serão apresentados sábado num pequeno congresso. Já na de Matemática, 61 participantes vão aprender, por exemplo, o que é o efeito borboleta. Na Escola de Física os alunos desenvolverão um projecto científico, passando pelas fases de aprendizagem e pesquisa, execução experimental e computacional, apresentação e discussão.
Na Faculdade de Ciências da UP, o ex-líder do PSD proferiu uma espécie de aula sobre “Portugal 2008” no arranque da iniciativa, uma das três “escolas de Verão” (Ciências da Vida e da Saúde e Matemática são as outras duas) organizadas pela Universidade Júnior. 275 alunos do ensino secundário participam em diversas actividades que têm o objectivo de promover a universidade junto de potenciais seus futuros estudantes.
“Perceber ‘Portugal 2008’ é não esquecer que houve nove séculos de história para trás. São eles que explicam por que é que temos muito Estado e pouca sociedade civil, por que é que o poder foi concentrado em Lisboa, por que é que houve grandes atrasos educativos”, referiu o professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Apontou o ciclo actual como “crucial” para o país, por englobar vários desafios, entre os quais o da educação e a “valorização estratégica das comunidades emigrantes pelo mundo”.
Entre a plateia as perguntas caracterizavam-se por muitas dúvidas quanto ao futuro. Perante o aumento da emigração dos jovens qualificados, uma aluna questionou: “Quem é que fica cá para continuar o país?”. Marcelo respondeu com um exemplo: “Não tenhamos uma visão muito pessimista. Nota-se um espírito de iniciativa empresarial que não se notava há 15 anos atrás”.
Destacou ainda a importância de fugir à “tentação”, cada vez mais habitual, de os mais bem preparados escolherem o desafio da carreira, em detrimento da participação na vida política. “Não envelheçam prematuramente. Dêem uns safanões positivos no que está. Não se divorciem da sociedade que vos rodeia”, apelou.