É a continuação de um “namoro” iniciado em 2005 entre o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) e a Praça D. João I. Na edição deste ano, a 19ª do festival, que decorrerá entre 12 e 20 deste mês, coube ao encenador Nuno Carinhas a transformação da praça do centro da cidade num gigante palco onde cabe teatro de marionetas, mas também música, circo, cinema e até uma Rádio FIMP, produzida ao vivo.

Desta vez, “tudo”, até os ensaios, será “feito à vista” do público que passar pela praça, explicou esta terça-feira a directora do FIMP, Isabel Alves Costa. O “ciclo da praça” começou em 2005, ano de reflexão e de estudo das potencialidades do espaço, e concretizou-se, já com espectáculos no local, em 2006. “Depois de pronta, constituiu-se quase como um não-lugar. Era uma praça que não era atravessada pelas pessoas. Filmámos a praça durante 24 horas e, durante esse tempo, ninguém a atravessou”, disse.

Mais do que um mero conjunto de espectáculos de marionetas, o FIMP quer, portanto, contrariar este estado de coisas. Durante os oito dias do festival a Praça D. João I estará ocupada pela “Residencial da Praça”, uma estrutura em madeira composta por aduelas e portas. Trata-se de criar um “dentro simbólico” no “fora” que constitui, naturalmente, a praça, esclareceu o encenador.

“Carta branca” aos artistas

O espectáculo de circo “(Surtout) ne pas rester seule dans l’herbe”, do colectivo francês Cheptel Aleïkoum, no dia 13, residências artísticas das companhias La Zouze, de Christophe Haleb, e Teatro Praga (em vários dias), uma “Sessão dupla” de cinema com vários objectos e marionetas, com artistas portugueses e checos, e “Stan“, um espectáculo de marionetas de Jim Barnard são alguns dos destaques da programação [PDF].

Os artistas têm “carta branca” para fazerem o que bem lhes apetece na praça. Mesmo o hino do FIMP é uma “surpresa” para Isabel Alves Costa – foi encomendado a Hélder Gonçalves, dos Clã (que, por sua vez, convidou o escritor valter hugo mãe para imaginar as suas palavras), e será apresentado às 21h do dia 12. A festa inaugural do FIMP segue com as fanfarras F.R.I.C.S. e Fanfarra de São Bernardo pela Baixa e com o espectáculo “Macbeth” no Teatro Carlos Alberto, a assinalar os 20 anos do Teatro de Marionetas do Porto.

A directora do festival destacou ainda a evolução do teatro de marionetas em Portugal, visível no peso crescente dos artistas portugueses (e, sobretudo, portuenses) no FIMP. “Durante muitos anos o festival esteve muito centrado na produção internacional. Havia pouca produção em Portugal”, referiu. “É essencial para os criadores do Porto que tenham um espaço seguro e maioritário no FIMP”.

Por coincidência temporal e de propósitos, o FIMP estabeleceu uma parceria com o projecto de residência SKITe / Sweet & Tender Collaborations Porto 2008.