A nova solução para a reabilitação do Mercado do Bolhão que a Câmara do Porto está a preparar deverá envolver dinheiros públicos. “Não vejo como não tenha de haver dinheiro público na solução porque o mercado não respondeu”, afirmou o presidente da autarquia, Rui Rio, esta terça-feira.

“Queremos fazer uma corrida de aviões sobre o Rio Douro – se houver privados, fazemos, se não houver, não fazemos. Nós queremos remodelar o Bolhão – se houver privados, fazemos, se não houver, fazemos também”, acrescentou Rio na reunião de câmara, onde se aprovou a anulação da adjudicação do processo de reabilitação do Bolhão à TramCroNe (TCN), com os votos a favor da maioria PSD/CDS e da CDU e a abstenção do PS.

Francisco Assis, vereador do PS, perguntou se a autarquia admite excluir os privados da solução, questão a que Rio e o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, disseram não saber ainda responder.

Sem adiantar ainda que figurino pretende a câmara seguir (poderá ser conhecido ainda este mês), Rui Rio garantiu que “não haverá um concurso com a mesma lógica”, mas garantiu que, se “amanhã houve um processo análogo”, procederá da mesma forma, visto que não podia adivinhar que “não haveria concorrentes à altura” e que o recurso a privados é uma forma de não aumentar o passivo da autarquia.

“Ponderação séria”

Francisco Assis pede que haja uma “ponderação séria” de várias hipóteses. A saber: esgotar as possibilidades de intervenção de privados, de concorrer a fundos comunitários e de o Governo apoiar financeiramente a reabilitação, elencou.

A crítica do socialista ao processo que culminou com a ruptura com a TCN centra-se nos termos do concurso, que não foram bem definidos, no entender de Assis. Para o vereador do Urbanismo cabia à empresa a obtenção dos pareceres de entidades como o IGESPAR, coisa que “nunca fez”.

Proposta da CDU rejeitada

O vereador da CDU Rui Sá apresentou uma proposta que pedia ao Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP) da Câmara do Porto devia, num prazo de 15 dias, sistematizar as possibilidades de apresentação de candidaturas a fundos públicos ou europeus do projecto de requalificação do Bolhão de Joaquim Massena, encomendado pela autarquia antes de Rui Rio ser presidente.

A proposta foi reprovada com os votos contra da maioria PSD/CDS e a favor da oposição. Sampaio Pimentel, vereador das Actividades Económicas, explicou que o “GEP tem uma equipa relativamente pequena” e que não faz sentido pedir para que se apresse neste domínio em específico, que, aliás, já está a estudar.