Empregadores satisfeitos

O inquérito envolveu também empregadores, que, na globalidade, têm uma opinião “positiva” face aos licenciados, “embora continuem a achar que devia haver mais especificidade na formação”, diz o coordenador do estudo.

A transição para o mercado de trabalho dos licenciados das faculdades de Letras (FLUP), Psicologia (FPCEUP) e Economia (FEP) da Universidade do Porto demora mais tempo do que no passado, é “mais difícil” e passa cada vez mais por trabalhos precários, afirmou ao JPN Carlos Manuel Gonçalves, coordenador de um estudo sobre o tema, cujos resultados serão publicados em Março de 2009.

“Era o emprego estatal que absorvia grande parte destas pessoas. E ele foi-se fechando”, reflecte.

Feito por investigadores do Instituto de Sociologia da FLUP, o trabalho “Precariedade profissional dos diplomados da Universidade do Porto em Ciências Sociais, Humanidades e Administração e alternativas de inserção futura” partiu de um inquérito na Internet a 7757 pessoas que se licenciaram entre 1997 e 2004 naquelas três faculdades.

O objectivo era ver, entre outros pontos, no Verão de 2006, em que situação se encontravam os licenciados, a sua situação laboral, o sucesso ou insucesso no acesso ao primeiro emprego regular e o impacto destes processos de transição para o trabalho na vida familiar e social.

Um em cada cinco a recibos verdes

Aproximadamente 53% do total de licenciados encontrava-se em situação laboral precária (contrato a tempo certo, sem contrato ou recibos verdes). Quase 18% estavam a trabalhar a recibos verdes.

Cerca de 37% dos licenciados demoraram entre um a três meses a encontrar o primeiro emprego regular, mas 23% levaram mais de sete meses (alguns precisaram de mais de um ano) a atingir esse objectivo.

Desemprego mais presente na FLUP

O curso de História é o que apresenta uma taxa de desemprego maior (21,7%), seguido de perto por Geografia e Línguas e Literaturas Modernas – todas licenciaturas da FLUP.

Os cursos de Filosofia e Geografia são o que registam valores mais altos de precariedade laboral, com percentagens acima dos 70%.

No outro extremo está o curso de Psicologia, com apenas 5% dos seus licenciados desempregados, seguido de Economia e Gestão (6,8%).