O festival Trama pode ser um mexicano chamado Silverio aos pulos atrás da maquinaria de onde faz sair a sua alucinada e divertida visão da música de dança. Poder ser, por instantes, uns rapazes e raparigas chamados Lucky Dragons, às voltas com flautas e electrónica brincalhona ou estudantes de artes a fazer de Brancas-de-Neve às voltas pelo Porto.

A terceira edição do Trama – o festival de artes performativas que junta a Fundação de Serralves, a brrr_ Live Art, as produtoras Lado B e Matéria Prima – vai ser isto e muito mais, durante três dias de acontecimentos artísticos em vários espaços da cidade.

O festival arranca esta sexta-feira na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), onde, às 15h, Rebekah Rousi vai dar início à “Maratona da Conferência Mais Longa – a apresentação em powerpoint mais longa do mundo”. Na longa performance (que dura até às 18h e que sábado se estende durante quase todo o dia), Rousi vai abordar temas como a vida, a cultura, a duração e a aprendizagem ao longo da vida.

Destaque ainda para os Lucky Dragons (18h, na Culturgest), colectivo baseado em torno do norte-americano Luke Fischbeck e que tem recebido atenção da crítica pelo cruzamento inclassificável da folk mais livre, a electrónica e outras fontes sonoras.

Uma hora e meia depois, é altura de rumar à Loja da Pensão Monumental, também na Avenida dos Aliados, onde os britânicos Shit & Shine elevam o volume para a sua música, filiada na moderna cena noise rock.

Às 22h, no Auditório de Serralves, é exibido “Estrellas”, filme de Federico Léon e Marcos Martínez “sobre as formas de representar a pobreza, a marginalidade, a auto-promoção como forma de criação e de sobrevivência, os limites entre a ficção e a realidade”, a que se segue festa na Casa de Serralves das 23h até depois das 4h com vários DJ e concertos de música electrónica (entre eles, Silverio).

Minimalismo no mosteiro

O dia de sábado começa com as Brancas-de-Neve de Catherine Baÿ a passear na cidade. No bar do Hotel Dom Henrique, às 16h, haverá dança a cargo de Tânia Carvalho com vista para os topos dos prédios do Porto.

Duas horas depois, os também portugueses Osso Exótico, com o artista plástico Francisco Tropa, desfiam a sua música minimalista de propriedades encantatórias, que prometem encaixar-se muito bem no Mosteiro de S. Bento da Vitória. Formados há quase 20 anos, são uma peça fundamental na história da música portuguesa.

Recta final com música

A rotina do bar do Hotel Dom Henrique volta a ser quebrada domingo, com o músico Philipp Quehenberger . Diz a organização que “desafia todos os géneros com o fervor de um iluminado desde a electrónica composta por instrumentos de brinquedo até ao death metal”.

Às 18h30, o Mosteiro de S. Bento da Vitória volta a abrir as portas, com Gisèle Vienne a pôr uma marioneta a reconstituir a história dos crimes do serial killer americano Dean Corll.

Na recta final do Trama, guitarristas do Porto ajudam Ben Frost a erigir o minimalismo de “Music for 6 Guitars”, inspirado nas lições dadas nos anos 1970 por Glenn Branca e Rhys Chatham. (às 22h, no Auditório de Serralves). No mesmo local, a electrónica de Audiobomber (Alexander Jöchtl) fecha o festival, a partir das 23h.