O que é o PEJ?

O Project for Excellence in Journalism é um grupo de pesquisa do centro Pew Research, situado em Washington DC, nos EUA, e que se especializa numa metodologia empírica para estudar e avaliar a imprensa. O projecto diz-se isento de filiações partidárias, ideológicas ou políticas, com o objectivo de promover a qualidade e rigor jornalísticos. Foi fundado em 1997 e manteve-se filiado à Graduate School of Journalism da Universidade de Columbia durante nove anos, antes de se ter expandido e integrado o Pew Research Center.

A cobertura dos media americanos às eleições para a Casa Branca terão favorecido Barack Obama, difundindo uma imagem positiva do candidato democrata, enquanto que o contrário se terá sucedido quanto à campanha de McCain. Um estudo do Project for Excellence in Journalism do Pew Research Center [PDF] revela que o candidato republicano foi gradualmente desfavorecido ao longo do período da campanha.

A análise indica que “o tom [da notícia] é uma questão inevitável ao analisar o papel dos media”. Os investigadores analisaram o corpo da notícia, bem como os seus efeitos. O estudo diz ainda que o tom das notícias tende a subir ou descer conforme a popularidade de cada um dos candidatos.

Foram analisadas 2.412 notícias de 48 meios de comunicação e dos diferentes formatos (rádio, televisão, imprensa, Internet, entre outros), ao longo de seis semanas da corrida presidencial. O tom específico das notícias foi analisado em 857 peças.

O candidato democrata viu cerca de 36% de notícias a seu respeito como sendo positivas, 35% consideradas neutras e apenas 29% como negativas. Os números da amostra invertem-se no lado republicano: 57% das notícias são negativas e 14% positivas.

No entanto, McCain terá recebido maior cobertura mediática do que Obama a partir do final de Agosto, numa fase em que ambos os senadores queriam conquistar maior visibilidade, embora esta tenha sido provocada pelo próprio senador do Arizona que desencadeou uma série de acções – McCain agiu e atacou Obama, que apenas reagia em defesa. O facto terá prejudicado a imagem do republicano.

O “furacão Palin”

A cobertura noticiosa feita a Sarah Palin, governadora do Alaska pelo Partido Republicano, apresentou uma viragem radical. Inicialmente, a candidata foi bem favorecida pelos enquadramentos. Passado algum tempo, o “furacão Palin” desvaneceu e os enquadramentos tornaram-se bem negativos e, numa última fase, apresentam-se mais isentos. As declarações da republicana à imprensa e em registo público foram os principais motivos desta reviravolta e não os aspectos da sua vida pessoal entretanto divulgados, conclui o estudo.

Ao mesmo tempo, não foi a reputação de Palin a manchar a campanha de McCain, já que a governadora, ainda assim, tem uma imagem mais favorável do que o líder do partido.

Sondagens recentes, posteriores ao último debate, apontam para uma vantagem de Obama.

Joe Biden, o “homem-invisível”

A reacção de McCain à queda do mercado financeiro não convenceu os norte-americanos. Os sucessivos ataques ao oponente democrata resultaram no decréscimo de popularidade pelo lado republicano. As notícias sobre a vida pessoal de Sarah Palin são uma minoria, apenas 5% do total.

As peças mais positivas para a campanha de Obama foram as que revertiam para o campo político e os seus discursos foram um dos pontos-fortes para o partido.

O número dois, Joe Biden, é considerado o “homem-invisível” da campanha: foi apenas destacado pelos media na altura do debate entre os candidatos a vice-presidente, mas que recebeu uma cobertura positiva ou neutra. Excepto este período, na pouca atenção que recebeu, Biden conseguiu enquadramentos ainda piores que McCain.