Há quanto tempo está na UMAR?

Costumo dizer que entrei para a UMAR em Nova Iorque no ano 2000. Antes disso era dos outros grupos feministas radicais mais pequenos.

Como foi o seu percurso dentro da UMAR?

Já tinha sido convidada pela UMAR para um seminário comunista no Montepio em 1998. Já tinha estado em muitos sítios com a UMAR, que também era uma organização participante em eventos desde os anos 80. Na altura era da direcção da Associação Portuguesa dos Estudos sobre as Mulheres, e continuo a ser, fui me aproximando e a certa altura inscrevi-me.

Depois houve uma circunstância em que foi quase exigida a minha participação activa. Tinha um grande trabalho já nas questões da reivindicação do aborto com os grupos feministas radicais. Para mim estava muito claro como é que íamos lutar contra os argumentos do “não” e o que é que estava em causa. Fui ganhando protagonismo nesse tema e foram-me solicitando que eu dissesse o que era preciso dizer e sou hoje responsável por essa área.

A UMAR é um produto do 25 de Abril. O que é que ele significou para si, enquanto feminista?

Uma revolução inacabada. Em muitos aspectos da vida das mulheres só temos conseguido alterar muitos anos depois do 25 de Abril. Do ponto vista feminista, foi sobretudo uma alteração para a liberdade política e uma alteração em relação às classes trabalhadoras, não significou um grande passo para as questões de igualdade de género.

O é que é facto é que a violência doméstica só vai para a agenda pública em 1999, 2000. Foi regulamentada no ano 2000, quase no século XXI. Foi uma revolução política, ideológica. Mas muita coisa ainda ficou por fazer.