Os americanos preferiram a “mudança”. Barack Hussein Obama é o 44º presidente dos EUA e o primeiro negro a ocupar o cargo. O vencedor da 55ª corrida à Casa Branca era senador do Illinois há já oito anos, onde vive com a sua esposa Michelle e duas filhas, na cidade de Chicago. Nas eleições primárias, Obama havia derrotado a experiente e muito popular Hillary Clinton.

Nascido em Honolulu, no Hawaii, a 4 de Agosto de 1961, Obama teria um percurso que o levaria a ter consciência das divisões entre a população dos EUA. Nasceu fruto de um casal interracial numa altura em que este tipo de união era proibido nalguns Estados; o pai era natural do Quénia, a mãe uma americana do Kansas. Mais tarde, foi viver para a Indonésia com a mãe e o padrasto até aos 10 anos.

Era considerado um aluno brilhante. Formou-se em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, tendo depois feito formação em Direito na prestigiada Universidade de Harvard. A sua aptidão e vitória num concurso de escrita fez com que fosse o primeiro estudante afro-americano nomeado editor da revista Harvard Law Review. Exerceu a carreira de advocacia e foi também docente de direito na Universidade de Chicago.

A avó do novo presidente, Madelyn Dunham, faleceu aos 86 anos, um dia anterior às eleições, a 3 de Novembro. Eram muito próximos: Madelyn acompanhou de perto Obama, especialmente depois do falecimento da mãe em 1995.

Fundos para o Partido Democrata atingem valor recorde

Obama prescindiu do financiamento público para a sua campanha, o que fez com que não estivesse sujeita a limitações.

O Partido Democrata montou um sistema de doações via Web e a campanha atingiu valores recorde na história das eleições norte-americanas (só em Setembro conseguiu angariar mais de 150 milhões de dólares).

Os fundos permitiram intensificar a campanha de Obama, que elaborou um documentário com cerca de 30 minutos e que alcançou grandes audiências nas vésperas da eleição final.

O uso da Internet na divulgação partidária foi, segundo especialistas, um dos trunfos de Obama, especialmente na conquista dos eleitores mais jovens.

Um “mestre da oratória”

“Não existe a América Branca, a América Negra, a América latina, a América Asiática – existem os Estados Unidos da América”, proferiu Barack num dos seus célebres discursos em que faz a apologia da união entre todos os que residem no território norte-americano. E é na oratória que, admiradores ou oponentes, lhe reconhecem talento. É apontado como um político carismático – frequentemente comparado ao ex-presidente John Kennedy – com potencial para devolver aos americanos a “motivação” do american dream.

Campanha fez história até na imprensa

Numa campanha com vários registos históricos, há mais um a assinalar nos media. O “The Chicago Tribune”, jornal com filiações republicanas, manifestou o apoio ao candidato democrata. Foi a primeira vez nos seus 161 anos de existência.

Lê-se num editorial que o Partido Republicano “perdeu-se”, “abandonou princípios”. O editorial denuncia uma certa corrupção dos grandes lobbies de Wall Street. O jornal diz então entregar a sua confiança ao “rigor intelectual e sentido moral” de Obama e à sua capacidade de tomar decisões ponderadas para fazer face à crise financeira.

Cerca de 135 jornais apoiaram Barack Obama. Destes, 28 alteraram a sua posição depois de darem voz por George W. Bush nas últimas eleições – entre estes, o “The New York Times”, “Los Angeles Times”, “Miami Herald”, “Boston Globe”.

John McCain recebeu o apoio de 52 jornais. “The Tampa Tribune”, “Dallas Morning News” e o “The New York Post” foram alguns.