O estudo “Emprego e desemprego na região Norte – 2007”, apresentado esta quinta-feira pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), aponta o ajustamento tecnológico e estrutural como o principal factor da situação negativa da região em termos de emprego.

Indústrias transformadoras são maior fonte de emprego

As actividades imobiliárias, serviços prestados às empresas, saúde e acção social registaram a maior criação líquida de emprego na região em 2007, com um aumento de cerca de 13 mil empregados (mais 17,5%). No entanto, as indústrias transformadoras continuam a ser o principal sector empregador (490 mil postos de trabalho em 2007).

A análise [PDF] debruça-se sobre a evolução destes indicadores desde 1998. Em 2007, o Norte tornou-se a região portuguesa com maior taxa de desemprego (9,4%). Desde 2001, que a região apresenta taxas superiores à média nacional. O desemprego aumentou quase 4,5 pontos percentuais desde 1998.

O presidente da CCDR-N, Carlos Lage, explicou que a principal razão para esta tendência se deve ao “processo de ajustamento estrutural, valendo a pena destacar o seu impacto sobre a estrutura sectorial do emprego regional, bem como sobre os níveis de qualificação da mão-de-obra”.

A passagem gradual do modelo tradicional (mão-de-obra abundante, barata e sem qualificação, negócios centrados na manufactura e pouco inovadores) para um modelo mais competitivo e desenvolvido a nível tecnológico implica custos de ajustamento e limita a criação de emprego, destaca o estudo.

Qualificação da mão-de-obra insuficiente

Apesar de se registar uma melhoria na qualificação de mão-de-obra, ela ainda não é suficiente para colmatar as carências a este nível.

Em 2007, 35,6% da mão-de-obra residente na região tinha-se ficado pelo 1º ciclo do ensino básico (em contraste com os 49,3% de 1998) e a quantidade de activos com formação superior subiu de 6,7% em 1998 para 11,7%. Ainda assim, a proporção da população sem a escolaridade mínima era de 59,4%.

No ano passado, o sector feminino apresentava uma taxa de desemprego de 12% (mais 6 pontos percentuais que em 1998) face a 7,1% do masculino (mais 3 pontos percentuais).

Dados de 2008 “encorajadores”

Apesar do cenário descrito, os dados conhecidos de 2008 são “positivos e encorajadores”, segundo a vice-presidente da CCDR-N, Teresa Lehmann. A taxa de desemprego da região fixou-se em 8,2% (contra 9,4% em 2007) no primeiro semestre, registando-se como “o valor mais baixo dos últimos três anos e meio”.

A população empregada cresceu 1,4% nos primeiros três meses do ano e 2,1% no segundo trimestre, valor que representa “o mais forte crescimento homólogo do emprego regional há mais de seis anos”.

Este crescimento do emprego regional foi sobretudo impulsionado pelas mulheres. No segundo trimestre de 2008, a taxa de desemprego feminina era de 9,4%, enquanto a masculina era de 7,2%.

A taxa de desemprego é maior dos 15 aos 24 anos, cifrando-se em 16,6%, em 2007. Já a nível de instrução, o ensino secundário e pós-secundário é o que regista maior taxa de desemprego (10%).

Próximos desafios

Teresa Lehmann aponta como principais desafios para os próximos anos “acelerar a criação de emprego qualificado, continuar o esforço ao nível da qualificação de mão-de-obra, continuar a apostar cada vez mais na competitividade estratégica, diminuir a diferença de géneros e a incidência do desemprego de longa duração e combater os seus efeitos”.

Este esforço “exige o empenho não só da administração pública, mas também de toda a sociedade. (…) Sem o contributo de todos, os instrumentos específicos da política regional serão sempre de eficácia limitada.”, pode ler-se no relatório.