Postes de iluminação mais leves, mais resistentes, recicláveis e sem perigo de electrocussão. O projecto “Polight” valeu ao engenheiro electrotécnico José Carlos Ferreira, de 45 anos, o primeiro lugar na quarta edição do concurso Nacional de Inovação BES, na categoria “Processo Industrial”.

A ideia do projecto surgiu no âmbito do Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O aluno da FEUP, que é também engenheiro electrotécnico do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e quadro superior da EDP Distribuição, receberá um montante de 60 mil euros.

A ideia de José Carlos Ferreira já deu origem a uma empresa – Ownersmark Polight. “Polight” é uma marca registada desta empresa destinada à produção industrial de compósito e produtos finais com base em Towpreg, como postes de iluminação pública, de média e baixa tensão ou torres para energia eólica, cujos direitos são partilhados pela Universidade do Porto, Universidade do Minho e Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI).

“Com um investimento inicial de três milhões de euros, a Ownersmark Polight conta investir mais 10 milhões de euros nos próximos três anos”, refere a FEUP em comunicado. “A patente “Polight” prepara-se agora para ser aplicada em 2009, prevendo-se que inicialmente comece a produzir em Angola e em 2010 na Europa”. “Mais do que postes, pretende-se produzir postes inteligentes.”

O destino dos 60 mil euros já está pensado. “Vamos aproveitar todo o prémio. Uma parte para o início de actividade da empresa e para fazer os concursos ao crédito, já é uma ajuda. Vai também servir para projectar a patente a nível internacional. E o estudo económico-financeiro (valor de cinco mil euros) também vamos aproveitá-lo para implantá-lo nos negócios.”, contou o engenheiro ao JPN.

Inovação “radical” na Europa

Uma das principais inovações deste projecto prende-se com a utilização do material compósito Towpreg, face ao ferro ou aço, material actual na Europa e no resto do mundo, exceptuando os Estados Unidos, onde já são feitos de compósito.

“Em comparação com o fabrico americano é que esta tecnologia de termo-plástico é totalmente reciclável, enquanto na América é só de 20%. Pode ser moída e depois dá origem a novos sub-produtos, enquanto que o outro não. Face à Europa, onde não existe uma nem outra [tecnologia], a inovação é radical”, explicou José Carlos Ferreira.

Outra das inovações é que este material é mais leve e mais resistente que o ferro ou betão e, além disso, é isolante, ou seja, não há perigo de electrocussão.

“Este material permite um peso 10 vezes inferior ao do betão e uma resistência específica 10 vezes superior à do aço, sendo 100% reciclável, não necessitando de manutenção e eliminando o risco de morte por electrocussão”, explica o comunicado da FEUP.

A nível estético, este projecto pode “devolver a cor às cidades”, na medida em que é possível “pôr cor desde o processo de fabrico inicial, não é pintado, é incrementado”, contou José Carlos Ferreira.