“Vamos distinguir os melhores entre quem coloca as vidas de cada vez mais pessoas no arame”. É o que promete a primeira edição dos Prémios Precariedade, iniciativa da plataforma Precários Inflexíveis, cuja entrega terá lugar no dia 13 de Dezembro, às 22h, no Ateneu Comercial, em Lisboa. As votações acontecem na Internet até dia 11.

Distribuídos por cinco categorias – “Acumulação”, “Soundbyte“, “Sem Vergonha” e “Ficção Contemporânea” e “Grande Prémio Precariedade” – os candidatos ao “gasganete dourado” são empresários, políticos, empresas e iniciativas governamentais que, de alguma forma, contribuem para o trabalho precário em Portugal, em particular através de “falsos recibos verdes”.

Campanha com humor

O blogue dos Precários Inflexíveis vai acompanhando as reacções dos nomeados. Pedro Nuno Santos, deputado do PS nomeado na categoria “Soundbyte“, afirma que votará “noutros candidatos”. O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, por sua vez, disse sentir-se “bem” com sua nomeação para a categoria “Sem Vergonha”, quando abordado por um “repórter” dos Precários Inflexíveis. “É para nós um prazer poder contribuir para o bem-estar dos nossos nomeados”, respondem no seu blogue

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Os Precários Inflexíveis nasceram no Verão de 2007. Após a iniciativa MayDay Lisboa, uma parada do 1º de Maio para o “precariado”, um grupo de pessoas quis tornar o que tinha acontecido num movimento permanente.

São “operadores de call-center, estagiários, desempregados, trabalhadores a recibos verdes, imigrantes, intermitentes, estudantes-trabalhadores” que tentam, recorrendo sempre que possível ao humor, chamar a atenção do país para o problema. “A precariedade é todos os dias”, diz Tiago Gillot, do movimento.

Movimentos em sintonia

O FERVE – Fartos d’Estes Recibos Verdes foi um dos grupos que ajudou na divulgação dos prémios no Porto, que ocorreu no passado Domingo na Baixa da cidade.

O FERVE, outro movimento contra a precariedade laboral, surgiu da necessidade de se falar especificamente dos “falsos recibos verdes”, e não só da precariedade em geral, que usualmente só contemplava situações como contratos a prazo.

Debates, workshops, distribuição de panfletos e ajuda na organização do Mayday Lisboa 2007 e 2008 são algumas das actividades levadas a cabo por este grupo.

No início deste ano, foi entregue à Assembleia da República uma petição que tentava “criar alguma discussão pública e política em torno da questão dos recibos verdes”, referiu ao JPN Cristina Andrade, do FERVE.

A petição defendia a necessidade de se legislar sobre este assunto, uma vez que o próprio Estado é um dos grandes empregadores a “falsos recibos verdes”.