Está a decorrer na Biblioteca de Serralves uma exposição intitulada “Post me!”. O principal objectivo desta exibição, patente até 25 de Janeiro, é “mostrar que o correio foi um elemento importante na difusão de obras de arte. As obras podiam circular de país para país, em pouco tempo”, segundo Serralves.

Em montra estão alguns dos postais e selos que, nos anos 60, ajudaram a espalhar novas formas artísticas por todo o Mundo.

A exposição engloba projectos individuais colectivos: há cartões, postais ou cartas de pessoas anónimas, mas também o mesmo material enviado por associações ou grupos específicos. Entre os nomes que compõem a lista das peças em exposição podem encontrar-se alguns artistas que hoje são reconhecidos, mas que, na altura, estavam à margem.

Exige-se aos visitantes um exercício mental um pouco mais rebuscado do que aquilo que se imagina quando se pensa numa exposição sobre correios.

A juntar aos diversos projectos de arte postal, os visitantes podem, ainda, conhecer algumas publicações – algumas delas percorreram milhares de quilómetros, tendo, mesmo, visitado os cinco continentes.

Era através do correio que os objectos mais modestos podiam circular rapidamente de um país para o outro ou de um continente para o outro. A juntar-se a esta rapidez e simplicidade, a difusão via correio também se destacava pelo baixo custo de execução.

Através desta rede de troca foi-se formando uma nova rede de intercâmbios culturais e encontros de artes.

Esta difusão tão convencional e, ao mesmo tempo, pioneira permitiu ainda aos artistas residentes em países de regimes autoritários exteriorizarem a sua arte, quando não o conseguiam fazer no seu próprio país por força das ideologias políticas. Neste leque de “artistas amordaçados” encontram-se, principalmente, artistas da América Latina e da Europa de Leste, mas, também, alguns portugueses e espanhóis.