A Igreja do Mirante, na Praça Coronel Pacheco, no Porto, reveste-se de uma grande importância para a os metodistas portugueses, não só por ser o templo mais antigo da congregação, como também por ser a sua sede nacional da Igreja Evangélica Metodista.

Mulheres podem ser pastoras

Há 12 anos atrás a Igreja Evangélica Metodista abriu também o acesso de mulheres ao Pastorado. “Temos duas pastoras neste momento [no Conselho Presbiteral da igreja], enquanto algumas igrejas ainda não o permitem”, diz Jorge Barros.

Actualmente, as orações deste templo são dirigidas pelo reverendo Jorge Barros. “Diz-se que os primeiros metodistas em Portugal foram soldados e oficiais do contingente inglês que nos ajudou a combater as Invasões Francesas”, começa por dizer o reverendo. “O próprio Duque de Wellington era primo afastado do nosso fundador em Inglaterra, John Weslesley, embora fosse anglicano e nunca se tenha convertido”.

A construção da Igreja do Mirante começou em 1860, mas a igreja só foi inaugurada em 25 de Março de 1877. “Naquela altura os portugueses não podiam abrir nenhuma igreja que não fosse católica. Os trabalhos tiveram que ser feitos todos por estrangeiros”, esclarece Jorge Barros.

Acção social

O pastor salienta a importância que a Igreja Metodista teve na luta contra o analfabetismo. “Quando a igreja apareceu, a esmagadora maioria da população portuguesa era analfabeta. A igreja, com as suas escolas primárias, ajudou a combater esse problema”, conta.

Esse papel social tornou-se menos relevante depois do 25 de Abril. “Surgiram muitas escolas do Estado, por isso tivemos que fechar as nossas, já não eram essenciais”, explica.

As acções sociais viraram-se então para as creches, infantários, lares de idosos e Associações de Tempos Livres (ATL). Estes últimos, no entanto, também já começam a fechar. “As novas leis cortaram os nossos subsídios e obrigam os alunos a permanecer mais tempo nas escolas, os ATL ficam praticamente vazios. Já fechámos um no Porto, provavelmente teremos que fechar um de Braga e despedir algum pessoal”, refere.

Divergências com a Igreja Católica

O reverendo Jorge Barros afirma que não existe grandes diferenças teológicas entre a Igreja Metodista e as outras igrejas evangélicas. “Divergimos mais com a Igreja Católica, apesar de actualmente termos boas relações com ela”, diz.

Estas divergências não estão apenas relacionadas com as questões levantadas pela Reforma do Século XVI, mas sim com dogmas católicos relativamente recentes. “O catolicismo tem 2 mil anos, mas dogmas como o da infalibilidade do Papa têm pouco mais de 100”, explica o pastor.