Domingo de manhã é dia de estudo bíblico. Os fiéis baptistas, após uma oração simples, sobem até ao segundo andar do Tabernáculo Baptista do Porto. Dividem-se por várias salas, de acordo com a idade. Há salas para crianças, com brinquedos, jogos e desenhos, e salas para adultos, apenas com cadeiras e um quadro branco. “A Bíblia tem que ser acessível a todos”, explica o pastor Eliel Harada, “daí dividirmos os nossos estudos por faixas etárias, para serem entendidos por todos”.

Tabernáculo Baptista

Segundo o pastor Eliel Harada, as obras do Tabernáculo Baptista foram maioritariamente financiadas por Charles Jones, um abastado comerciante inglês. Devido a esse facto, o templo foi desenhado com fortes inspirações no Tabernáculo Metropolitano de Londres.

Os cultos baptistas também são assim, “muito simples”, diz. “Começam com a entoação de hinos, que os fiéis seguem pelo projector, e são seguidos por um sermão em que explico a mensagem de Deus com exemplos do dia-a-dia”, refere.

A Igreja Baptista do Porto comemorou em Dezembro do ano passado 100 anos de existência. Existem cerca de 400 crentes baptistas no Porto

Os rituais baptistas

Não existe autoridade centralizada nas igrejas baptistas. Cada igreja é uma entidade autónoma, onde impera a democracia directa. “É esta a grande diferença entre a nossa igreja e as restantes igrejas evangélicas”, explica Harada. “A fé é igual”: “cremos na salvação oferecida pelo sacrifício de Cristo e num relacionamento pessoal entre os homens e Deus”.

Existe, porém, outra característica que destaca a igreja. O seu nome diz tudo: os seus rituais de baptismo. Estes são feitos por imersão total do corpo. Eliel Harada sublinha que este ritual não é permitido em crianças recém-nascidas. “Há uma altura em que as crianças são apresentadas à igreja, mas o baptismo só pode ser feito se seguir a vontade do baptizado, quando o indivíduo tem plena consciência daquilo que deseja. Normalmente costuma ser aos oito anos”.

Assumidamente conservadores

A Igreja Baptista é várias vezes acusada de levar as suas crenças ao fundamentalismo. “Não somos necessariamente fundamentalistas, somos sim conservadores nos aspectos fundamentais da fé”, responde o pastor. Esta igreja proclama-se a mais tradicionalista das congregações evangélicas.

“Os baptistas devem estar sempre na vanguarda pela verdade, liberdade, justiça e paz. Martin Luther King e Jimmy Carter são duas personalidades baptistas e ambos são Nobel da Paz”, diz.