Durante duas horas e meia não se ouve falar português. A Divina Liturgia, oração ortodoxa, é, na maioria das vezes, dita em ucraniano. “As vezes uso o inglês ou grego na oração”, diz o arquimandrita Philip Jagnisz. “Quando souber um pouco mais de português usarei também o português”, acrescenta o sacerdote.
Para além de arquimandrita, Philip Jagnisz é vigário-geral da igreja ortodoxa em Portugal e na Galiza. Cidadão americano, de origem ucraniana, está em Portugal desde Julho deste ano. Deixou a sua na América Central para substituir um bispo.
A Igreja de São Pantaleão, na Rua da Constituição, onde o culto é administrado, pertence à Igreja Católica. Há já quatro anos que é cedida todos os domingos à comunidade ortodoxa.
Jagnisz conta que a igreja estabeleceu-se na cidade do Porto há cerca de oito anos. “Várias famílias de imigrantes, na sua generalidade do Leste Europeu sentiram necessidade de uma igreja ortodoxa cá no Porto, por isso o Trono Ecuménico decidiu começar aqui uma missão”.
À espera da reunificação
A Igreja Ortodoxa surgiu no século XI, após o Grande Cisma entre os cristão do Leste e a Igreja Católica Romana.
Desde 1991 que o arquimandrita faz parte de um comité que pretende a reunificação entre ortodoxos e católicos. “Penso que era esse o desejo de João Paulo II. Ele e Sua Santidade Bartolomeu I, trabalharam muito para isso”, refere.
Acrescenta que hoje em dia as divergências centram-se principalmente em questões de calendário e não em assuntos teológicos. “A única divergência dogmática estava relacionada com a infalibilidade do Papa. Mas o próprio Papa admitiu ser um homem pecador antes da sua morte, por isso quase não restam razões para não estarmos unidos”, conclui.