Wim Wenders, Jörg Buttgereit e José Fonseca e Costa serão alguns dos convidados da 29ª edição do Fantasporto, que decorrerá entre 20 e 28 de Fevereiro (o “pré-Fantas” arranca a 16 e no dia 1 de Março os filmes vencedores são novamente exibidos).

“De mão estendida”

A organização do “Fantas” teceu duras críticas aos responsáveis pelo marketing das empresas, que acusam de prestar pouca atenção ao festival por acontecer no Porto e por ter menos retorno que os eventos desportivos, por exemplo. Com um orçamento de 3,5 milhões de euros, o festival conta com o apoio de um grande patrocinador, da Câmara do Porto e do Instituto do Cinema e do Audiovisual, mas queixa-se da falta de interesse de mais empresas e do Governo. “Há 29 anos que andamos de mão estendida. É uma vergonha”, criticou Dorminsky. Para o 30º “Fantas”, face ao cenário, a organização diz que vai ter que “inventar dinheiro”.

“Palermo Shooting”, de Wim Wenders, estreia na secção oficial Semana dos Realizadores, que conta com 12 filmes de países como Hungria, Holanda, Rússia, Estados Unidos da América ou Irlanda. É um dos 43 filmes a concurso, divididos em três secções (a dos Realizadores, a do Cinema Fantástico, e Orient Express).

Já José Fonseca e Costa vem ao “Fantas” ser homenageado com o Prémio de Carreira do Fantasporto, que já foi atribuído a Fernando Lopes e Manoel de Oliveira. António Reis, da organização, destacou, esta quinta-feira, na apresentação do festival, promete uma “selecção feita pelo próprio” cineasta de filmes da sua obra, com mais de 50 anos, que se caracteriza por “uma certa sensualidade do cinema”.

“Che – The Argentine”, o filme de Steven Soderbergh sobre os primeiros anos do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, assinala a abertura da competição, no dia 20. Outro filme em destaque é “The Wrestler”, de Darren Aronofsky (realizador habitual do “Fantas”), vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2008 e um dos candidatos aos Óscares deste ano.

O “Fantas” 2009 terá mais cinema galego, uma selecção de longas e curtas metragens da produção nacional recente, uma retrospectiva sobre Mario Bava, nome de peso do cinema de terror italiano, e uma outra sobre as relações entre cinema e arquitectura, comissariada pelo arquitecto Jorge Patrício Martins, “o programa mais completo sobre este tema”, segundo Beatriz Pacheco Pereira, da direcção do festival.

O figurino é semelhante ao de anos anteriores, os locais de exibição também (Rivoli e salas Zon Lusomundo espalhadas pelo Grande Porto e pelo país – 10, ao todo), mas há uma novidade a registar: a habitual tenda da Praça D. João I, frente ao Rivoli, será transformada em mais um local de exibição, com 400 “curtas” de todo o mundo.

Regresso ao gore

Este ano, o festival aposta mais no seu território tradicional, o cinema fantástico e o gore, com cerca de 70% da programação dedicada a estes géneros, segundo as contas de Mário Dorminsky. “Não é regressar às origens, é trabalhar com o cinema que se produz”, disse o director do Fantasporto.

Há duas décadas, “Nekromantik” de Jörg Buttgereit, “cineasta maldito na Alemanha”, segundo a organização, causou burburinho quando foi exibido no “Fantas”. O alemão vem ao Porto e será exibida uma retrospectiva do seu trabalho. “É altura de mostrar a outros públicos estes filmes, de outra forma invisíveis”, afirmou António Reis.

Nos oito filmes a concurso da secção Orient Express, estão, por exemplo, o primeiro filme indonésio de terror, “Takut: Face os Fear”, de Brian Yuzna, e “Nightmare Detective” de Shynia Tsukamoto, um habitué do “Fantas”.