Na hora de entrar para o ensino superior, quatro em cada 10 estudantes portugueses apontam como a razão mais importante a obtenção de conhecimentos que permitam uma carreira aliciante. Segue-se obtenção de um grau académico, com 20,1% dos estudantes, a indicar este factor.
São alguns dos resultados do primeiro estudo em Portugal sobre o grau de satisfação dos alunos com o ensino superior, apresentado, esta sexta-feira, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Quanto à escolha da instituição para a qual ingressaram, a maior parte dos alunos apontou “por ter uma boa reputação académica” como a principal razão (56,5%). Por tipo de estabelecimento, esta percentagem é maior entre os alunos do ensino privado (65,7%), enquanto 50,7% dos estudantes dos institutos politécnicos públicos optaram pela instituição em que estudam “por ser perto da residência habitual”.
Os estudantes estão satisfeitos com o ensino superior nacional? O que os leva a optar por estudar numa determinada instituição de ensino superior? Até que ponto as instituições vão de encontro às expectativas dos jovens? Estas são algumas das questões respondidas no estudo “Avaliação Nacional da Satisfação dos Estudantes do Ensino Superior”, levado a cabo pelo Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES), em 30 instituições públicas e 19 particulares.
Para dar resposta a estas e outras questões, uma equipa de investigadores do CIPES percorreu, durante três anos (de 2005 a 2008), o país de Norte a Sul, inquirindo um total de 11.639 estudantes do primeiro e último anos de licenciatura, tentando identificar qual a importância e expectativa que os estudantes atribuem a diversos aspectos que marcam a sua passagem pelo ensino superior.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, o projecto tem como alguns dos principais objectivos “analisar a satisfação dos estudantes nas instituições de ensino superior portuguesas e o de sensibilizar as instâncias e órgãos de decisão para esta dimensão, com o intuito de assim contribuir para o aumento da percentagem de estudantes que completam os seus cursos”, pode ler-se no estudo.
Empregabilidade e prestígio social
Quando inquiridos sobre um possível regresso no tempo, mais de 80% dos alunos afirma que voltava a ingressar na instituição em que estuda e apenas cerca de 20% mudaria de curso e instituição.
“São números que devem regozijar-nos, mas também preocupar-nos”, disse Rui Brites, investigador do CIPES.
A equipa do CIPES, coordenada por António Magalhães, inquiriu também os alunos a nível de empregabilidade e prestígio social. Quanto a estes aspectos, os alunos mais insatisfeitos são os da área das humanidades e ciências da educação. Os mais satisfeitos estão em áreas como saúde e economia.