São pessoas, empresas e entidades próprias que procuram as Novas Oportunidades. Jovens ou adultos que, por várias razões, tiveram que abandonar os estudos e que agora pretendem melhorar a sua performance, obtendo o 9º ou o 12º ano, vendo reconhecidas as suas competências ou até mesmo ganhando prática numa área específica, tendo assim novos horizontes de emprego. Empresas que querem ver os seus empregados com uma melhor formação académica e com mais motivação. Entidades que são pontes entre os inscritos e as várias instituições e cursos.

A Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) é uma das empresas que está a utilizar o programa Novas Oportunidades, criado em 2005, para dar formação aos seus funcionários, a nível do ensino básico e secundário.

Com o sistema de Reconhecimento e Validação de Competências (RVCC) são as experiências de vida que dão o conhecimento e certificam o aluno. Até agora meio milhão de portugueses já frequentou o programa. Tal como a APDL, perto de 500 empresas estão inscritas na iniciativa. O Governo tem como meta a formação de 1 milhão de adultos até 2010, números que aos olhos de muitos parecem impossíveis e que causam polémica devido ao alegado facilitismo na atribuição dos certificados.

A formação é académica e pretende ver reconhecidas competências. Helena Maia, formadora do Centro de Serviços e Apoio às Empresas (CESAE), diz que o objectivo é “ajudar os adultos a falarem sobre o seu percurso de vida e identificarem as competências que desenvolveram a nível de experiência”.

Histórias diferentes, o mesmo objectivo

Na sessão a que o JPN assistiu sentaram-se à mesa cerca de dez alunos. Os motivos para terem abandonado os estudos são vários. Aos 53 anos, Fernando Oliveira só tem o 9º ano porque não teve condições para continuar a estudar. Tirou o curso de Serralheiro e não foi difícil obter emprego. Com um sorriso nos lábios, revela que as Novas Oportunidades são para ele “um desafio pessoal“.

APDL aderiu às Novas Oportunidades em OutubroAPDL aderiu às Novas Oportunidades em Outubro
Cláudia Amorim, de 32 anos, fez o 9º ano através de um curso profissional e teve a oportunidade de começar a trabalhar na APDL. A ideia era parar um ano, mas depois não pôde voltar a estudar.

Destaca a facilidade e vantagem por ter formação dentro do local de trabalho e horário laboral. “Em termos profissionais sentimo-nos mais realizados”, revela Cláudia, que não descarta a hipótese de prosseguir estudos.

A história de Joaquim Matos é diferente. Não trabalha na APDL e tomou a iniciativa de se inscrever nas Novas Oportunidades. Sempre com interesse em fazer formações e progredir nos estudos, foi impedido por não ter as habilitações necessárias. Defende que as Novas Oportunidades são “uma forma de verificar e de atestar as capacidades que as pessoas têm”.

“Ferramenta de motivação”

A APDL oferece, desde Outubro passado, este tipo de formação aos seus funcionários. O programa das Novas Oportunidades é para Valdemar Cabral, do departamento de recursos humanos, ” uma ferramenta de motivação para os trabalhadores” que se torna vantajosa para a empresa. O horário é laboral para tornar mais fácil o acesso à formação.

Os resultados têm sido positivos. “Em todas as acções nós sentimos que eles querem continuar e estão motivados para obter a sua certificação. Mesmo os que estão a obter certificação no básico, já estão a pensar obter a certificação também ao nível do secundário”, revela.