“É fundamental guardar esse período na memória, ainda que seja dos mais pesados da História”. O aviso é da investigadora Irene Pimentel e surge à passagem dos 64 anos sobre a libertação dos sobreviventes dos campos de extermínio do regime nazi, celebrados ontem, no Dia Internacional das Vítimas do Holocausto.

A data assinala a libertação dos campos de Auschwitz-Birkenau, na Polónia. Entre a Primavera de 1942 e a 27 de Janeiro de 1945, terão ali morrido mais de um milhão de vítimas do Holocausto, na sua maioria judeus, mas também pessoas com deficiência ou pertencentes a minorias étnicas.

Em 2005, a Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que este dia passaria a ser comemorado para lembrar e homenagear as vítimas do Holocausto. Ao JPN, Irene Pimentel realça a necessidade de o mundo “não esquecer estes acontecimentos e ter atenção a outros que contrariam os Direitos Humanos”.

“O Holocausto está mais do que documentado”

A autora de ” Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial” critica as perspectivas revisionistas que negam a existência do Holocausto. “Os negacionistas aceitam que houve uns campos de concentração e que houve alguns judeus que morreram por causa de doenças, mas negam o extermínio propriamente dito”, revela Irene Pimentel. De acordo com a investigadora, o negacionismo tem “intuitos políticos” e resulta de uma “atitude anti-semita”

Para a vencedora do Prémio Pessoa 2007, “o Holocausto está hoje mais do que documentado em vários depoimentos de pessoas que sobreviveram, bem como na historiografia que explica todo o processo” que culminou no “extermínio industrial” dos judeus.

“Há muitos jovens que não se interessam pelo Holocausto”

Irene Pimentel lamenta ainda que, “apesar da historiografia ser tão importante e tão abundante”, existam “muitos jovens que não sabem ou não se interessam pelo Holocausto”.

Segundo a historiadora, “o problema do Holocausto não é só o que aconteceu, mas também as lições que se podem tirar para o presente e para o futuro”. Até porque “a História constitui um aviso daquilo a que pode levar um novo recrudescimento do racismo e da xenofobia”, remata.

Em comunicado oficial a propósito do Dia Internacional das Vítimas do Holocausto, as Nações Unidas pediram que sejam “analisadas as razões por que o mundo não impediu o Holocausto e outras atrocidades perpretadas desde então”. O documento destaca ainda a importância de “ensinar às crianças as lições dos capítulos mais sombrios da História”.