“O que é que estás a fazer?” É a esta pergunta que se responde no Twitter, um serviço de microblogging, que tem vindo a conhecer uma popularidade crescente em Portugal.

A ferramenta é simples e enquadra-se dentro da lógica de comunidade proposta pela Web 2.0 (Web Social). Com uma particularidade. No Twitter não há perfis complexos (como no Hi5) ou “posts” sem fim (como nos blogues). Após um curto registo, cada membro é convidado a seguir (e a ser seguido por) outros utilizadores, sendo a comunicação garantida através de pequenas mensagens (tweets) de 140 caracteres (ver caixa).

Contar a história obriga, contudo, a mais palavras. No início chamava-se Twttr e estava acessível a um conjunto muito restrito de pessoas em São Francisco, na Califórnia, local onde foi criado, em 2006, pela empresa Odeo, Inc. Depois, passou a estar disponível para todo o mundo, mas ainda era pouco popular.

Como funciona o Twitter?

Um utilizador pode seguir e ser seguido por outros. Cada utilizador vai postando e também recebendo os tweets (mensagens) daqueles que segue. Tudo isto em apenas 140 caracteres – espaço máximo que pode ocupar cada tweet. Estão disponíveis várias aplicações que permitem receber e postar novos tweets sem se ter de aceder ao site. As actualizações do Twitter podem, ainda, ser recebidas via RSS e SMS. Existe, também, a possibilidade de envio de mensagens directas entre utlizadores que se seguem um ao outro. “Muita gente usa aquilo [o Twitter] como IRC”, refere João Antunes, o primeiro português a registar-se neste serviço de microblogging.

Hoje, o Twitter é usado pelos órgãos de comunicação social como forma instantânea de difusão de conteúdos. Mas não só. Em Portugal, actores, humoristas, músicos e políticos também já aderiram à nova moda. Sintomático. Desde o passado dia 23 de Janeiro, por exemplo, que é possível conhecer todos os passos de Cavaco Silva no Twitter Oficial da Presidência da República Portuguesa.

O IRC da era moderna

Apesar do conceito voyeurista subjacente (o utilizador é convidado a revelar o que está a fazer a cada momento), o uso que é dado a este serviço de microblogging – ferramenta que permite actualizações rápidas e curtas e, se possível, a partir de uma multiplicidade de suportes diferentes – depende dos “nichos de utilizadores”, segundo João Simão, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

“Com a possibilidade de seguir outros utilizadores cria-se uma comunidade em rede, e cada rede acaba por ser criada tendo por base interesses comuns”, explica ao JPN o especialista, autor de um wiki sobre o Twitter

Em Março de 2008, o jornalista Paulo Querido acreditava existirem entre 550 a 750 utilizadores do Twitter em Portugal. O número disparou entretanto, mas ninguém tira a João Antunes o título de primeiro português a registar-se no serviço, em 2006. Ao JPN, diz usá-lo para comunicar com amigos que vivem noutras partes do mundo. “No início seguia apenas duas ou três pessoas”, conta.

A terminar uma licenciatura em design, João Antunes diz notar uma evolução no tipo de utilizadores do Twitter. Explica que o uso que se dá ao serviço tem a ver com a forma como se entra no Twitter e do círculo de pessoas que se segue.

Já João Simão está registado com outro objectivo. “A utilização que é mais usual na minha rede é dar a conhecer trabalho de investigação, publicações em blogues, publicação de noticias e comentários às mesmas”, revela o especialista, para logo adiantar outras possibilidades: “Uma rede constituída por adolescentes terá interesses diferentes, seguidores diferentes e os assuntos serão diferentes”.

A jornalista do Público, Isabel Coutinho fala das vantagens que o Twitter tem enquanto ferramenta jornalística. “Tenho constantemente o Twitter ligado no meu computador, através do Tweetdeck, para estar atenta às notícias de última hora”, conta ao JPN. Para além disso, a autora do blog Ciberescritas, utiliza o motor de pesquisa do Twitter para saber o que as pessoas dizem sobre determinado assunto.