Desde Janeiro do ano passado, altura em que a Qimonda e a Universidade do Porto (UP) firmaram o protocolo de colaboração, os estudantes de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) têm uma porta aberta para entrar na empresa que ameaça agora fechar as portas.

Para além de um curso livre, que tem como objectivo tornar-se um “mecanismo de ligação” entre a Qimonda e os finalistas/recém-licenciados que queiram seguir a área tecnológica de semicondutores, a colaboração entre as duas entidades estende-se ao próprio plano curricular. Os alunos de Teste de Sistemas Electrónicos têm a possibilidade de trabalhar com equipamento altamente sofisticado nas instalações da empresa.

José Silva Matos, director do departamento, sublinha que esta cooperação tem sido “muito positiva” e gostava de “continuar a experiência”. Para o professor, o possível desaparecimento da Qimonda é uma “machadada”, pois trata-se de “um empregador importante que desaparece”, mas não implica o fim da investigação na faculdade nem o êxodo de trabalhadores com altas habilitações. “Outras empresas aparecerão”, justifica Silva Matos.

Também o reitor da Universidade do Porto, José Marques dos Santos, desdramatiza a situação que a Qimonda atravessa. “Perde-se um centro de emprego qualificado e um parceiro importante para a nossa actividade, mas é evidente que temos protocolos com muitas mais empresas”, salienta.

Para Marques dos Santos, o possível encerramento da empresa é “preocupante”, não para as actividades da UP, mas sim para a região Norte e para o país. “A Qimonda criou emprego e fixou pessoas e, por isso, quero acreditar que não se vai perder”, confessa o reitor, salientando que a solução pode passar pela aposta na produção de células fotovoltaicas para painéis solares, um projecto que foi avançado em Maio.