De há dois anos para cá, o Porto tem recuperado da inércia que se abateu sobre o circuito de música ao vivo registada no período pós-Porto 2001. Actualmente, a cidade fervilha com concertos que chegam todas as semanas. O boom da vida nocturna da Baixa e a criação do Clubbing trouxe mais bandas internacionais e nacionais à cidade, principalmente de um contexto musical mais alternativo.

“Tendo em conta o marasmo que se vivia há uns anos, o Porto está em grande” no que diz respeito à oferta de música ao vivo, diz José Alberto Gomes, músico dos portuenses Nimai. A opinião é partilhada entre artistas, programadores e promotores. “Não me recordo de sentir tanta oferta como a que há hoje”, reforça Joaquim Durães, da promotora Lovers&Lollypops.

Bares são essenciais para “agitar” a oferta musical

O empenho dos bares em fixar uma programação musical aberta e regular é apontado como uma das razões fulcrais para o aumento de concertos. “Se olharmos para salas como o Plano B, o Passos Manuel, o Porto Rio, o Maus Hábitos, sente-se uma vontade de agitar uma oferta cultural cada vez mais abrangente”, afirma Joaquim Durães.

“Também teve a ver com a criação de novos espaços, como a Casa Viva. Começaram a ser organizados muitos concertos por promotoras como a Lovers&Lollypops, refere Luís Teixeira, a outra metade dos Nimai. No Porto, a organização de concertos beneficia de sinergias criadas entre programadores e promotores. “O meio é pequeno, pelo que toda a gente se conhece e trabalha bem em sintonia”, explica Alexandre Monteiro, aka Weatherman.

Esta relação próxima e cooperante entre os vários agentes favorece também as novas bandas portuenses. “Há imensa gente que nunca tinha pensado em dar um concerto no Passos Manuel ou no Plano B e, num espaço de alguns anos, começou a haver essa liberdade no Porto para projectos mais pequenos”, nota Luís Teixeira.

Público portuense “mais atento”

A oferta de concertos mais constante na cidade é também estimulada pelo interesse crescente do público. “Nos últimos dois anos, o Porto deu um salto muito grande a nível do público. As pessoas estão mais atentas”, considera Luís Teixeira. Este entusiasmo reflecte-se na adesão aos espectáculos: “há muitos concertos que esgotam”, diz Filipe Teixeira, programador musical do Plano B.

Pedro Magina, vocalista e guitarrista dos Aquaparque, é de opinião contrária. O público do Porto ainda “se acomoda”. “Está a haver uma melhoria, mas perdeu-se o culto de sair de casa para ir ver concertos, como havia nos tempos do Aniki Bóbó”, acrescenta.

Apesar do factor moda não ser excluído, Luís Teixeira acredita que o interesse do público “é uma coisa para ficar”, bem como esta nova oferta de concertos na cidade. Começa a inscrever-se um circuito regular de música ao vivo. Até porque “cada vez mais bandas importantes e de culto inserem o Porto nas suas tours”, salienta Joaquim Durães.