O arquitecto Marcos Cruz estudou no Porto, mas actualmente trabalha na Bartlett Faculty of the Built Environment, em Londres. Em 2008, foi galardoado com o RIBA (Royal Institute of British Architecs) President’s Awards for Research, um prémio que incentiva a investigação no âmbito da arquitectura. Discípulo de Peter Cook, Marcos Cruz regressou ao Porto para o encerramento do ciclo “Ruínas do Futuro”, integrado na 29ª edição do “Fantas”.

Apesar de a conferência se ter centrado na arquitectura, Marcos Cruz teceu algumas comparações com o cinema. Dissertou, assim, sobre o filme “Barbarella”, de 1968, defendendo a importância desta película durante o seu tempo de estudante. Segundo o arquitecto, o “high tech” é uma das imagens mais fortes da cidade de Londres e isso também se deve à imagética “sci-fi” de filmes como “Barbarella”,”Matrix” ou “Blade Runner”. Marcos Cruz declara mesmo que “Londres é Blade Runner”.

A ficção científica influencia a arquitectura, ao criar conceitos de megalópole, mas, para o arquitecto, esta é também uma ideia perpetuada pelo poder político que pretende conceber “essa imagem de força”. No entanto, Marcos Cruz confessa identificar-se mais com filmes de ficção científica dos anos 60 e 70.

Na opinião do arquitecto, o próprio título do ciclo – “Nas Ruínas do Futuro” – exprime uma visão negativista da arquitectura, muito por culpa de filmes mais recentes. Também o universo “cyborguiano” e o movimento “cyberpunk” são influências dos projectos de Marcos Cruz.

“Na arquitectura tudo é possível”

“A nossa intervenção como arquitectos é mais ampla do que construir edifícios”, afirma Marcos Cruz. E como expressão artística “a arquitectura não tem fim”. Nela “tudo é possível, só depende de como as ideias são materializadas”, realçou.

Uma das questões desenvolvidas pelo arquitecto tem que ver com a imagética do corpo. “A arquitectura contemporânea falhou o corpo”, e é nesse sentido que Marcos Cruz desenvolveu a sua tese de mestrado, tentando relançar o debate da “humanização da arquitectura”. A noção de comunicação é fundamental na linguagem da arquitectura, assim como a ideia de parede e de espaço, este último concebido segundo o conceito alemão “raum”.

Em 2005, Marcos Cruz foi um dos responsáveis pelo projecto da 75ª Feira do Livro em Lisboa, no Parque Eduardo VII. Uma das suas obras mais conhecidas é a Kunsthaus Graz (Casa das Artes de Graz), na Áustria. Recentemente, desenvolveu, com Steve Pike, um projecto designado “Neoplasmatic Design”.

Arranque com Benicio del Toro

A conferência de Marcos Cruz marcou então o final do Pré-Fantas. Já esta sexta-feira à noite, tem lugar a sessão de abertura oficial da 29ª edição do festival. Pelo Grande Auditório do Teatro Rivoli vão passar filmes como “The Reader” e o clássico “Blade Runner”. Mas a abertura estará a cargo de “Che”, o filme de Steven Soderbergh onde Benicio del Toro encarna o mítico revolucionário argentino.

Por essa altura, já o actor terá “pisado” o palco do Rivoli (pelas 20h30) na pele de lobisomem, durante a primeira apresentação mundial de “The Wolf Man”. Com estreia marcada para o final do ano, este thriller de terror conta ainda com Anthony Hopkins e Emily Blunt.

Ao longo de toda a noite, também haverá Fantasporto no Pequeno Auditório do Teatro Rivoli, em várias salas Lusomundo e no Espaço Cidade Cinema.