O compositor alemão Karlheinz Stockhausen é a figura central da programação do terceiro Festival Música e Revolução, que decorre entre 24 de Abril e 2 de Maio, na Casa da Música (CdM). Considerado como um dos maiores compositores do século XX, este discípulo de Messiaen faleceu em finais de 2007, ficando conhecido pelo experimentalismo com que encarava a música contemporânea.

“É o compositor que mais se associa à ideia de revolução da música. Alguém que extravasou muito o âmbito restrito da música erudita”, afirmou, esta quinta-feira, o director artístico da CdM, António Jorge Pacheco, durante a apresentação da programação do 2.º trimestre do ano.

Para além de Stockhausen, o festival vai estar imbuído do espírito dos anos 60, uma época que “transformou radicalmente a sociedade em que vivemos”, salientou Jorge Pacheco. A programação musical vai, assim, ilustrar momentos como o Maio de 68 e a luta pelos direitos civis por Martin Luther King.

As três influências encontram-se no concerto de 24 de Abril, com Maria de Medeiros a dar voz às Canções do Maio de 68, o ano em que Luciano Berio compôs “Sinfonia, para oito vozes e orquestra”, uma obra que inclui frases de Luther King e referências a Stockhausen.

Para António Jorge Pacheco, a 2 de Maio regista-se um “momento histórico” para a CdM. A “obra seminal” de Stockhausen, “Gruppen”, será interpretada pela Orquestra Nacional do Porto (ONP) pela primeira vez em Portugal. E em pleno parque de estacionamento, o único local com espaço necessário para reunir a orquestra em três palcos diferentes, com o público no meio.

O Festival Música e Revolução volta em 2010 tendo como figura de proa o compositor português Jorge Peixinho. O director artístico sublinha que o evento “espelha a filosofia da Casa da Música”, pois afirma-se como um “cruzamento de vários géneros e de públicos”.

PJ Harvey e John Parish no Clubbing

O burburinho já corria há muito e confirma-se: PJ Harvey vem ao Clubbing, a 2 de Maio, acompanhada por John Parish, para um concerto “único” em Portugal, salientou Jorge Pacheco. Na bagagem, a inglesa traz “A Woman a Man Walked By”, com edição prevista para finais de Março.

O quarto aniversário da CdM será também comemorado, como já vem sendo habitual, entre 3 e 5 de Abril. Mas, desta vez, de uma forma mais “low-profile”, gracejou Jorge Pacheco. O Clubbing deste fim-de-semana recebe, então, The Legendary Tiger Man, Magic Numbers e Radiola.

O Brasil continua a ser uma inspiração para a programação de 2009. A 9 de Maio, a Sala Suggia será o palco de um dos “grandes mestres brasileiros”, Roberto Tibiriçá, que dirige a ONP para uma viagem entre os “Paraísos artificiais” de Luís Freitas Branco e os “Choros” de Heitor Villa-Lobos.

Já em finais de Maio, Sequeira Costa, um dos mais conceituados pianistas portugueses, celebra o seu 80.º aniversário interpretando oito obras para piano dos mais variados compositores.

O trimestre termina com a noite de S. João na Praça, com concertos da ONP e dos GNR.