A greve marcada para esta quarta-feira às portas das redacções dos diários “JN”, “DN”, “O Jogo” e “24 Horas” juntou os trabalhadores das publicações, num protesto contra o despedimento de 119 colegas por parte da administração da Controlinveste. Segundo o Sindicato de Jornalistas (SJ) e os próprios profissionais destes órgãos de comunicação social, a greve teve uma “boa” adesão, com muitos jornalistas e outros trabalhadores a distribuírem panfletos aos cidadãos apelando à solidariedade popular.

Nas palavras de Alfredo Maia, Presidente do SJ, os actuais e ex-trabalhadores destas redacções sentem-se injustiçados e preocupados com o número de despedimentos.

Já o representante sindical do “Jornal de Notícias”, Paulo Silva, que também figura na lista de despedimento divulgada pela Controlinveste, demonstra indignação com a decisão da empresa que vem afectar a “identidade própria” de um jornal com 120 anos.

Fernando Oliveira, 53 anos, fotojornalista do “JN” há 22 anos e que também acabou por ser despedido, afirma que, a juntar ao clima de instabilidade que se vive nas redacções dos órgãos de comunicação social do grupo, o ambiente que se sente é “mau”. Na sua opinião, desde a reestruturação directiva de 2001 que o “Jornal de Notícias” tem vindo a “cair todos os dias”.

«Manifesto dos 119» entregue como acto simbólico

No seguimento dos despedimentos da Controlinveste, um grupo de personalidades ligadas a várias áreas da sociedade assinou um manifesto de protesto contra a saída de 12% dos efectivos do grupo. Cento e dezanove pessoas assinam este documento – o mesmo número de trabalhadores dispensados -, no qual se constata a incompreensão pelo facto de a redução não ter a “cobertura da ‘crise global’”.

Despedimentos no Parlamento Europeu

A eurodeputada Ilda Figueiredo anunciou, esta quarta-feira, num comunicado que fez chegar aos manifestantes, que vai apresentar no Parlamento Europeu uma pergunta parlamentar em que solicita “medidas para apoiar e defender os direitos dos trabalhadores da Controlinveste, tendo em conta também a necessidade de garantir o pluralismo na comunicação social”, como protesto contra os 119 trabalhadores que a Controlinveste despediu.

O manifesto foi entregue a Alfredo Maia ao início da tarde pela mão de César Príncipe, antigo jornalista do “JN”, num acto simbólico ocorrido à porta do edifício das quatro redacções afectadas. O “Manifesto 119” responsabiliza a gestão e direcção da Controlinveste pela baixa de vendas e afirma que não se devem culpabilizar os “recursos humanos” da empresa.

Para César Príncipe, a decisão da empresa é frágil pelos recuos que fez à lista de despedimento inicialmente anunciada e a intenção do movimento “Manifesto dos 119” passa por reduzir as dispensas a “zero”, afirma.

Edições de quinta-feira podem ser afectadas

Com a crise desta tarde, as edições de quinta-feira dos jornais do grupo Controlinveste podem ser afectadas. Paulo Silva confirmou ao JPN que esse cenário é provável porque “há sectores capitais para a realização de certos conteúdos” que aderiram à greve.