Lançada no âmbito do departamento de Som e Imagem da Universidade Católica do Porto (UCP), a revista EASI é uma publicação anual temática. A apresentação decorreu quinta-feira, no bar Passos Manuel, e foi o motivo para uma reflexão sobre a prática artística e a produção cultural.

O corpo editorial da EASI é constituído por alunos e professores de Som e Imagem, sendo que a revista é dirigida pela arquitecta Alexandra Serapicos. Um dos objectivos da publicação é não estancar demasiado as diversas áreas, daí que este primeiro número tenha assegurado um contributo de académicos e profissionais, não só do domínio das artes, mas também das ciências e das letras.

“Transdisciplinar, transgeográfica e trangeracional”, assim a define Alexandra Serapicos. Esta primeira edição dedica a secção “Homenagem” ao cineasta Manoel de Oliveira. Já as páginas de “Ensaios” reúnem textos do geógrafo Álvaro Domingues, da filósofa Maria Filomena Molder, da escritora e crítica cinematográfica Deb Verhoeven, entre outros.

A rubrica “Extra” agrupa 13 contributos de autores como António Olaio, António Barreto, Edgar Pêra, Jan Svankmajer, Joan Fontcuberta, José Tolentino Mendonça e Wim Wenders. A “Entrevista” deste número é com Nuno Portas, reconhecido arquitecto português.

O eixo temático “Referências” do primeiro número da EASI desenvolve conceitos como “memória, repetição, mestres, apropriação, inspiração, homenagem, mas também retorno, citação”, explica Laura Castro, moderadora do debate de apresentação da revista.

A publicação custa 13 euros e já se encontra à venda em locais como a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e a UCP. O próximo número é dedicado à temática “O Lugar”.

Humor satírico em debate sobre a criatividade

A apresentação da publicação EASI encheu a sala do Passos Manuel. Um vídeo realizado por dois alunos finalistas de Som e Imagem – Francisco Lobo e Mariana Figueiredo – deu início à sessão e demonstrou como as várias artes se tocam e as influências são uma constante na produção artística.

Nas palavras de Laura Castro, “a cada memória está associada um esquecimento” e “a cada morte” está ligado “um retorno”. Há um ciclo evidente na criação, com associações certas, possíveis ou meramente imaginadas, que a montagem deixa clara.

Foi num tom jovial que o professor e investigador Álvaro Domingues reflectiu sobre a produção artística. “Julgo muito [a arte] pela capacidade que tem de me tocar e de questionar o mundo”, afirmou o conferencista. Foi neste seguimento que o geógrafo explorou a temática de as “Referências”.

“Eu agora ando pelo rua da estrada”, realça o geógrafo, tecendo comparações de fotografias do seu quotidiano com obras de referência como a gigante “Pá” de Claes Oldenburg, erguida em pleno jardim de Serralves.

Por outro lado, o artista plástico e professor universitário, António Olaio, centrou a sua reflexão em Marcel Duchamp, na medida em que o próprio artista se pode tornar uma referência para o seu trabalho futuro. “A obra de Duchamp não cria modelos”, ressalva Olaio.