São 1126 os estudantes estrangeiros que escolheram a Universidade do Porto (UP) como destino do programa de mobilidade Erasmus. O grande destaque vai para os 490 brasileiros que escolheram o Porto e Portugal, seguidos de 167 espanhóis e 128 italianos. Entre as nacionalidades mais remotas, a UP tem representantes do Bangladesh ou da Tailândia.

E porque, para a UP, se trata de um número recorde, os mais de 1000 novos estudantes foram acolhidos pela universidade numa sessão de boas vindas. O evento foi liderado por António Marques, vice-reitor responsável pelas Relações Internacionais, que considera o aumento de estudantes estrangeiros um “objectivo estratégico” da UP para a meta de 2011. O Vice-reitor está confiante que dentro de três anos, um em cada dez alunos será estrangeiro.

Mesmo com o Brasil a liderar na lista de países parceiros, a diversidade de nacionalidades abrange 60 países dos cinco continentes, um panorama multicultural que “introduz na universidade, na cidade, e até no país, um ambiente diferente”. António Marques comenta que ao contrário dos restantes programas, os alunos brasileiros “não recebem apoio financeiro, o que não os impede de apostar na mobilidade”.

Recepção a cargo da ESN

Ao longo desta semana, a recepção aos alunos de mobilidade, nomeadamente do Programa Erasmus, envolveu uma série actividades organizadas pela Erasmus Student Network (ESN Porto), uma associação de antigos estudantes de intercâmbio direcionada para a convivência dos estudantes em jantares, festas e visitas culturais.

De Ocidente a Leste

Gisele Almeida, natural de Minas Gerais, veio para Portugal fazer um período de estudos de apenas seis meses, movida pelo prestígio de estudar em Portugal. No início, a estudante confessa que “era complicado” mas, mais de um ano após à chegada à Invicta, o objectivo é agora terminar o curso no nosso país.

Apesar de partilhar a mesma língua, a jovem brasileira sentiu dificuldades com o português do lado de cá do Atlântico, sobretudo durante as aulas, “demasiado teóricas, se comparadas com o Brasil”. Contudo, reconhece que os professores, colegas e administrativos estiveram “sempre disponíveis” para a encaminhar no percurso académico.

Do calor do Brasil para o frio da Lituânia chega um testemunho bem diferente. A fazer Erasmus no Porto por causa do clima, Austra estuda há cinco meses no curso de Ciências da Comunicação. Até ao momento sente-se desiludida com a estadia na cidade e queixa-se da dificuldade emencontrar alojamento.

A aluna de 21 anos considera ainda o ensino português “muito inferior” ao da universidade de origem e desabafa mesmo: “Se não fosse muito complicado voltava já para casa”.

Objectivos a Prazo

Elogios e amarguras que são ouvidos diariamente pelo Serviço de Relações Internacionais da UP (SRI), entidade responsável pela recepção e apoio aos estudantes estrangeiros da universidade. Em parceria com associações de jovens, a Universidade do Porto disponibiliza informação e iniciativas relacionadas com a mobilidade. António Marques elogia o trabalho realizado e revela que “o segredo da UP está nos seus colaboradores”. Admite, porém, que “algumas áreas estão ainda por desenvolver”.

Uma dessas áreas passa pela necessidade de melhorar a comunicação e cooperação entre os cursos de origem e os das universidades parceiras. Para isso, a UP tem concentrado esforços para fomentar a participação activa dos coordenadores Erasmus no percurso do estudante.

Para o futuro, está ainda prevista a a adesão da Universidade a um potencial sistema de atribuição de notas único, na linha dos ECTS (Sistema Europeu de Transferência de Créditos), que elimine a actual tabela europeia de conversão. Tabela essa cujos critérios o vice-reitor da UP considera “não serem os melhores”.