Há dez anos que João Bernardes e Digo Ayres Campos ajudam bebés a nascer de uma forma mais segura em Portugal. A razão chama-se OmniView-SisPorto, um projecto inovador que valeu aos dois investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) a presença entre os três melhores cientistas mundiais na área da cardiotografia, de acordo com a comunidade científica online BioMedExperts.

Desenvolvido em colaboração com o Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), o OmniView-SisPorto “é um programa de computadores que faz uma análise dos sinais que vêem do bebé durante o trabalho de parto” ao nível da frequência cardíaca. “O sistema analisa esses sinais e, quando há operações, tem a potencialidade de evitar situações em que durante o trabalho de parto, o bebé possa não estar oxigenado”, explica Diogo Ayres Campos.

Segundo João Bernardes, o sistema fornece também “algumas informações interpretativas”. Actualmente, permite fazer a “quantificação de determinados parâmetros fisiológicos e fisiopatológicos do feto” de uma forma “muito interactiva, muito prática”. Ou seja, “somos capazes de ver isto em qualquer parte do hospital, ou até mesmo para estar a acompanhar em casa um bebé que está em trabalho de parto ou que está no domicílio”, ilustra o investigador.

Porquê Omniview-Sisporto?

é um nome complexo, mas com uma intenção comunicativa por parte dos autores do projecto. Ominiview” devido à possibilidade de estar em vários locais ao mesmo tempo.”Várias pessoas ao mesmo tempo, ou até em todo o mundo, podem ver quase o que se está a passar com o feto” explica João Bernardes. “Sisporto” ligado-se ao próprio Sistema do Porto. O actual sistema, refere-se a uma mudança, porque o projecto já integra outras valências “como a possibilidade de visualização, interpretação”, acrescenta o investigador.

Após mais de uma década de desenvolvimento, o programa está hoje integrado em hospitais de Portugal, Dinamarca, Holanda, Reino Unido e Suiça. “É uma história de persistência” resume João Bernardes, para logo realçar a “forte concorrência internacional” que existe na área.

Reconhecimento entre pares

O reconhecimento científico chega agora por parte da BioMedExperts, uma comunidade online que, através da Internet, junta cientistas de todo o Mundo com o objectivo de dinamizar a partilha de conhecimento. Por isso mesmo, a distinção dos dois obstetras nacionais “é um prémio melhor que qualquer outro”, revela João Bernardes.

“A nomeação não é materializada em nenhum prémio em específico, mas numa compensação baseada no reconhecimento do trabalho desenvolvido. É sobretudo sentir que há um reconhecimento internacional”, destaca o investigador, considerado o melhor cientista do mundo da área da cardiotografia.

A opinião é partilhada por Diogo Ayres Campos, terceiro na votação da BioMedExperts. Até porque, “hoje em dia, para fazer alguma investigação, é fundamental ter contactos com outros grupos que também fazem investigação. De maneira que, o reconhecimento que é feito nessas redes de investigação é sempre um aspecto importante para a nossa área de conhecimento”, acrescenta o cientista.

Com mais de dez prémios no currículo, João Bernardes e Diogo Ayres de Campos são obstetras, professores e investigadores do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMUP.