O Dia Internacional da Mulher foi assinalado, este domingo, com acções de sensibilização um pouco por todo o país. No Porto, a União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) distribuiu, ao longo da rua de Santa Catarina, poemas de várias autoras portuguesas e estrangeiras escritos em folhas de várias cores.

Integrada na campanha “Eu não sou cúmplice”, a iniciativa visou chamar a atenção dos homens para a violência doméstica. Ao JPN, Maria José Magalhães, vice-presidente da UMAR, destacou a importância de “lembrar que a igualdade ainda não existe e que a violência doméstica ainda precisa de ser muito combatida”.

Num dia “simbólico na luta das mulheres”, a responsável lançou ainda o apelo: “Precisamos de dar uma mensagem mais clara e mais firme que os agressores podiam ser responsabilizados e as vítimas podiam ser apoiadas e ajudadas”.

Marcar a diferença

A campanha começou no metro da Trindade e prolongou-se pela Rua de Santa Catarina. Pelo caminho, vários poemas de Sophia de Mello Breyner, Florbela Espanca, Maria Teresa Horta foram entregues às muitas pessoas que passaram na rua. As reacções foram diversas. Para Sílvia Barbosa o Dia da Mulher serve para “marcar a diferença” e para que as mulheres possam ” impor a sua posição na sociedade”.

Vítimas de violência doméstica continuam a aumentar

Esta semana morreram mais duas mulheres vítimas de violência doméstica. A vice-presidente da UMAR comenta estes números: “Este ano já vamos em quatro. Observamos que a situação continua a ser uma situação gravíssima e fatal para as mulheres”, acrescenta Maria José Magalhães, ao mesmo tempo que apelava para a necessidade de “combater com firmeza a violência doméstica”.

Já para Deolinda Rocha, o dia da mulher é “triste”. “Não tenho companhia. Quase não existo”, lamenta. Neste dia, fala ao JPN acerca da violência doméstica. ” O governo devia pôr mão na violência doméstica. Daqui a nada já nem podemos sair de casa”, acrescenta.

Os poemas foram distribuidos a mulheres, mas também a muitos homens que estenderam a mão para os receber. António Alves ficou a saber que existia o Dia da Mulher através desta acção, mas acredita que “o papel da mulher é mais que nunca muito importante na sociedade”.

José Martins tem uma opinião contrária. Revela que a mulher “é muito frágil e vulnerável”, mas afirma que este dia deve ser comemorado. Opinião que provocou uma discussão com uma responsável da UMAR acerca dos direitos das mulheres.

“A imprensa não nos dá o lugar que deveria dar”

Adelina Marques, do Movimento Democrático de Mulheres, tem uma posição mais crítica em relação à divulgação deste dia. “Infelizmente a imprensa continua a não nos dar o lugar que nos deveria dar. Nós só temos este recurso: distribuir na rua para as pessoas saberem que as coisas são feitas”, protesta.

Para além desta acção de sensibilização, realizaram-se neste dia outras campanhas em Braga, Lisboa, Santo Tirso, Vila Nova de Gaia e noutros pontos do país. A UMAR vai ainda fazer outras acções e prepara-se para inaugurar oficialmente mais um Centro de atendimento a vítimas de violência doméstica.