Arrancou, este sábado, a missão Kepler, o novo projecto lançado pela NASA, com o objectivo de descobrir se existem outros planetas do tamanho da Terra e estrelas semelhantes ao nosso Sol.

O regresso da sonda à Terra está marcado para dentro de três anos e meio. A Universidade do Porto (UP) irá acompanhar este processo, através dos cientistas da equipa de Asterosismologia do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), única instituição portuguesa a integrar o consórcio científico Kepler Asteroseismic Science Consortium (KASC), criado para envolver mais de 200 investigadores de todo o mundo nos estudos da missão.

“Trata-se de um momento muito excitante” para o desenvolvimento da ciência no país, salienta o departamento de comunicação da CAUP.

Ao encontro das estrelas

O telescópio de 95 cm do observatório espacial Kepler foi criado para medir as variações do brilho de 170 mil estrelas. Através da oscilação no brilho das estrelas, é possível também caracterizar estes astros e o seu interior.

A equipa de cientistas envolvida na missão Kepler espera ainda obter uma série de novas informações sobre as estrelas da nossa galáxia, nomeadamente, sobre o processo de desenvolvimento destes astros. Desvendar mistérios como se o sol é uma estrela típica e como se comporta a matéria em condições extremas como as das estrelas são alguns dos objectivos da experiência

A produção de ondas sonoras obtidas através das oscilações do sol – estrela que consegue “tocar como uma campainha” – ainda desperta muita curiosidade por parte dos estudiosos. A precisão de fotometria da Kepler vai ser capaz de detectar essas oscilações, através do registo de pequenas variações na luz da estrela. Basicamente, vai funcionar como as técnicas sísmicas, usadas pelos geólogos na exploração do interior da terra.

Quando a Kepler detectar planetas do tamanho da Terra, os astrónomos vão usar a asterosismologia para definir a sua idade. A intenção é responder à seguinte pergunta: Terão as estrelas que hospedam estes planetas a mesma idade que o Sol e a Terra? Ao longo dos primeiros nove meses no espaço, o observatório vai buscar oscilações em cerca de cinco mil estrelas. Ao longo da missão, mil e cem estrelas vão ser acompanhadas pela Kepler.

A alta precisão com que a Kepler é capaz de trabalhar deve permitir aos cientistas observar directamente as alterações nas estrelas, à medida que estas envelhecem.