Os novos profissionais de jornalismo devem “juntar dimensões”, tendo “conhecimentos em programação” e na “junção” harmoniosa “de imagem com texto e em infografia”. O alerta foi dado no arranque da segunda edição do Seminário de Comunicação e Multimédia pelo director executivo da National Geographic, Gonçalo Pereira, justificando a recente aposta da revista nos conteúdos multimédia.

A infografia foi um dos assuntos dominantes da palestra de Gonçalo Pereira. “Penso que a infografia talvez comece a ser um novo género jornalístico, como a reportagem ou a entrevista. Por vezes a única solução para as pessoas validarem a história é a infografia que explica e mostra aquilo que já não é possível ver”, salientou.

O director da National Geographic (NG) alertou para a dificuldade jornalística na divulgação de temas científicos sugerindo algumas soluções: “A National Geographic está neste momento a apostar na transição de plataformas tradicionais para plataformas emergentes (por exemplo, os videojogos) e no recurso à infografia na edição de impressa, assim como no e-design”.

National Geographic no Google Earth

A National Geographic está envolvida num novo projecto: o Google Oceans. A organização noticiosa disponibilizou à Google as suas imagens de arquivo e as reportagens que tem de todos os pontos do Mundo. “Este projecto aproveita o que a NG tem de melhor em fotografia, infografia e cartografia e fornece tudo como informação global. Acredito que pode ser uma ferramenta muito valiosa, é uma maneira de chegar a públicos a que normalmente não chegamos”, afirma o director.

Gonçalo Pereira deixou algumas críticas ao tratamento jornalístico em relação ao meio científico. Entre a tendência em sintetizar e a preferência pela anti-ciência (crenças e superstições) por parte dos media, uma das maiores censuras foi para a referida incapacidade dos órgãos de comunicação social em lidar com temas que se prolongam ao longo dos anos.

Ao longo da palestra foram referidos alguns constrangimentos de comunicação entre os cientistas e os media. “A ciência é uma área complexa para os media porque é difícil resumir mantendo coerência, tem uma linguagem específica, é uma área multidisciplinar, tem ‘histórias’ difíceis de contar, obriga a uma actualização permanente, os valores-notícia não coincidem com critérios de rigor cientifico e a absolutização de informação é indesejável”, diz Gonçalo Pereira.