Num discurso para mais 150 convidados, entre empresários, deputados e autarcas, Manuela Ferreira Leite voltou a criticar, esta sexta-feira, a aposta do governo nas grandes obras públicas: “Este investimento não é seguramente uma medida de combate à crise. (…) Investimentos desta natureza, com a actual situação de forte endividamento, só servem para empobrecer o país”.

“São projectos que têm consequências de encargos futuros pesadíssimos que ninguém sabe quais são e ainda por cima não criam emprego em Portugal. E mesmo que criassem muito emprego não era hoje”, acrescentou Ferreira Leite.

Como alternativa, a líder do PSD propõe o que chama de “investimento público proximidade”, o qual se deverá reflectir no reforço do apoio às pequenas e médias empresas. “As PME’S são o motor da economia portuguesa e as principais responsáveis pela criação de emprego”, destacou Ferreira Leite.

A líder social-democrata ironizou ainda sobre os atrasos no pagamento às empresas. “Não consigo desligar o pagamento em Maio ao facto de haver eleições em Junho”, considerou, admitindo ainda ter “uma forma oposta ao governo de encarar a crise”.

Rui Moreira defende regionalização: “O Norte vai de mal a pior”

Quem também se mostrou contra a prestação do governo face à crise foi o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). Segundo Rui Moreira, o Estado “não é de confiança porque não cumpre o que promete (…), não é de boas contas em questões de dinheiro”.

Rui Moreira fez ainda um diagnóstico pessimista sobre a crise que atinge a Região Norte. “O país vai mal. O Norte vai de mal a pior”, atirou.

O líder da ACP teve ainda tempo para se dirigir a Ferreira Leite, com a descentralização como pano de fundo: “Eu sei que não gosta nem de ouvir falar de regionalização. Mas compreenda que para quem aqui vive e trabalha já não acredita nas promessas da descentralização, nas panaceias da devolução de poderes, nas políticas sectoriais. Nós não acreditamos porque aquilo que vemos é que as políticas públicas vão sendo delineadas em função de prioridades que não beneficiam esta região”, rematou.