Há exactamente cinco décadas iniciaram-se os confrontos armados entre a China e o Tibete, que resultaram no exílio do Dalai-Lama em Dharamsala, na Índia. Com a partida do líder político e espiritual dos tibetanos, o povo perdeu toda a autonomia e viu a sua cultura subjugada ao jugo chinês.

A situação actual é ainda mais preocupante. À medida que o tempo passa e a avança a idade do 13.º Dalai-Lama, Tenzin Gyatso, o futuro do Tibete torna-se ainda mais incerto. Apesar do estatuto de região autónoma, a República Popular da China viola constantemente os direitos dos tibetanos e provoca um autêntico genocídio cultural, proibindo os tibetanos de possuírem fotografias do Dalai-Lama e invadindo mosteiros.

O Tibete tem vindo a sofrer uma progressiva colonização, salienta a coordenadora do grupo da China da Amnistia Internacional portuguesa, Teresa Nogueira. Cada vez mais chineses se tentam estabelecer na zona e tornam-se, a par dos soldados, os principais agentes colonizadores.

As “actividades económicas estão praticamente todas nas mãos dos chineses”, garante a coordenadora, sublinhando a repressão a que os tibetanos, “presos” no seu próprio território, estão expostos.

Segundo Teresa Nogueira, ainda nada se fez, a nível internacional, para alterar a situação do Tibete . “Perante os direitos humanos há que ser firme”, salienta. O futuro da região passa, não por uma independência, mas por “uma autonomia com respeito pelos direitos mínimos dos tibetanos”, vaticina.

Alexandra Correia, do Grupo de Apoio ao Tibete e da União Budista Portuguesa, partilha das mesmas preocupações. “O genocídio cultural do povo tibetano é a única certeza que poderemos ter”, afirma.

A união de todos os países contra a atitude chinesa em relação ao Tibete é “a única réstia de esperança”, declara Alexandra Correia, apelando a uma tomada de posição dos governos internacionais em relação à China.

Alexandra Correia encara como última hipótese do povo tibetano uma tomada de posição dos governos internacionais. A união de todos os países contra a atitude chinesa em relação ao Tibete é “a única réstia de esperança”, declara.

Na quinta-feira duas mulheres tibetanas foram detidas em Kardze, enquanto distribuíam panfletos e apelavam ao regresso do Dalai Lama e ao respeito pelos direitos humanos. O destino destas duas mulheres é desconhecido.