A crise económica não afecta apenas os alunos universitários, mas também vários docentes que, nos últimos anos, têm sido dispensados devido ao excesso de professores e aos problemas orçamentais das universidade. É o caso de Margarida Barbedo, que deixou de leccionar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto há dois anos.

“O meu contrato não era a título definitivo. Era renovado anualmente e nesse ano resolveram não renovar, por isso tive que sair da faculdade”, relembra a ex-docente. “Excesso de professores” e “problema orçamental muito grande” foram as justificações dadas na altura e Margarida Barbedo saiu da FLUP “sem direito a nada”.

Os docentes em início de carreira são os mais afectados. De acordo com o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), a pressão orçamental levou à dispensa de docentes que se encontravam numa situação transitória ou mais débil. José Rodrigues, Delegado do SNESup, afirma que várias dezenas de docentes foram dispensados apesar do seu mérito e até situação pessoal.

“Não penso que estejamos perante uma diminuição generalizada do número de pessoas, mas depois de 2005, com a pressão orçamental imposta por este governo, muitas faculdades viram-se sem verbas para pagar os salários dos docentes”, esclarece José Rodrigues.

Reitoria da UP assume dificuldades

A Reitoria da Universidade do Porto reconhece que a pressão orçamental existe, mas é a diminuição do número de estudantes que faz com que diminua o investimento no Ensino Superior. “Em algumas faculdades houve a saída de docentes. Em alguns casos por dispensa, por não haver necessidade desses docentes, mas houve muita saída por aposentação”, esclarece Maria de Lurdes Fernandes, vice-reitora da UP.

A FLUP foi o caso mais grave e, segundo a vice-reitora da UP, já está resolvido. “Difíceis foram os últimos anos porque foi um aperto grande. Houve uma quebra significativa do número de estudantes inscritos e a Faculdade de Letras teve uma situação particularmente dramática”, confirma Maria de Lurdes Fernandes.

A Reitoria da UP avança ainda que “a situação está controlada” e que os actuais docentes não têm razões para se preocupar.